Um estado aparelhado pelo racismo, que cinicamente afirma ser laico. No mosaico de instituições estatais, tramas, acusações falsas e intolerância religiosa, mãe e filha foram punidas por praticarem sua fé, a tal liberdade religiosa prevista na Constituição. Fora destituída a guarda da mãe por esta consentir na iniciação de sua filha menor na religião de matriz africana que ambas professam.
Falando nisso, ontem passei em frente a uma Igreja Católica, aqui perto de casa, pensei em ligar para o Conselho Tutelar para denunciar o malvado padre e os pais das crianças, que as levam para serem batizados numa água fria, derramada nas cabecinhas dos inocentes. Aproveitei que não estava com preguiça e fui à lagoa do Abaeté. Fiquei a espreitar para fotografar algum crente derrubando crianças nas águas de Oxum, no ritual de batismo ‘‘nas águas’’.
Mas não deu para dar o flagrante, não tinha ninguém.
Pastores, pastoras, padres, irmãs estão vulnerando o direito destas crianças com a participação destes pais irresponsáveis. Estou elaborando um dossiê, mas com fatos verdadeiros sobre batismos cristãos de menores de idade, porque no entendimento do Conselho Tutelar e do Poder Judiciário de Araçatuba, estado de São Paulo, apesar do Estatuto da Criança e Adolescente e o art. 5° do texto constitucional garantir o direito a liberdade religiosa dos menores, estes não podem exercê-la, por lhe falta capacidade jurídica: é a única conclusão esdrúxula que posso chegar em tal caso.
Não meu fio, é racismo mesmo!
Racismo institucional, explícito, escancarado contra uma mãe e filha adeptas do Candomblé.
Se intentasse esta estratagema irracional de intolerância para denunciar ministros religiosos cristãos por iniciarem em seus rituais crianças e adolescentes seriam duramente criticado, e com razão, por simplesmente não ter pé nem cabeça.
Mas ao Candomblé, os conselheiros, membros do Poder Judiciário, nem arderam a cara em atuarem de forma criminosa, perversa e racista contra uma família e indireta e difusamente contra um povo.
Nós temos Xangô, Deus da Justiça, este com seu machado, levantou o advogado Hedio Silva Junior, para a defesa do seu povo, e restabeleceu a guarda da criança em favor da mãe.
Falando em privilégio branco, aqui na terra do dendê tá rolando um boato de uma professora branca que tinha mais de mil títulos acadêmicos, publicações diversas. Parece até o momento, que é tudo ‘‘baratino’’, nada de doutorado, mestrado, graduação e alguns trabalhos plagiados.
Enquanto nós pretos e pretas temos que provar as nossas qualificações,, se possível com o diploma debaixo do braço, e artigos, dissertações, teses impressas…, basta o branco dizer o que é, mesmo sem ser zorra nenhuma, que ninguém contesta ou põe em dúvida, e assim ele toma o espaço do preto/preta qualificado ou ganha mais que este trabalhando no mesmo cargo.
Imagem: Mídia Ninja
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