Educação Pública Brasileira: mais uma partida vencida, e agora?

Este texto traz algumas reflexões sobre o jogo da Política Educacional Brasileira: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB) venceu mais uma partida.

No entanto, essas reflexões, não acontecem exclusivamente a partir disso, mesmo porque era previsível, e sim, pelo fato de que: ainda existe a necessidade em regulamentar o FUNBEB para garantir sua implementação e funcionalidade.

Qual jogador em sã consciência iria ser contra a aprovação do FUNDEB com um campeonato local que ainda será disputado? Muitas pessoas podem acreditar que os campeonatos não se relacionam, mas, na verdade estão associados pois influencia na performance dos jogadores! E a performance pode afetar o valor de cada um deles a depender dos times interessados e de quem estiver disposto a pagar mais!

Como ser contra a educação pública brasileira se o ‘discurso’ de sua importância é unanime? E esse discurso vem pautado, muitas vezes, em um manto da ‘técnica e neutralidade’, assim como, um time é visto como favorito em um determinado campeonato!

Ahh! Mas jogadores que antes atuavam de uma forma, agora aturam de outra… Ahh! Mas jogadores que defendiam com fervor os seus times, agora estão em silêncio… Sim, isso também faz parte dos campeonatos e da política!

Como jogar se as regras não estão claras? Como será a regulamentação do FUNDEB?

Cada jogo coletivo possui regras específicas que todos os jogadores devem seguir. No entanto, dentro do ‘campo’ ou ‘quadra’ muitas vezes eles cometem ações que podem prejudicar o seu próprio time momentaneamente e que poderá impactar no resultado da partida.

Então, qual modelo de distribuição de recursos? Quais critérios serão adotados para medir o desempenho das redes públicas? Como será definido o Custo Aluno-Qualidade (CAQ)? Essas questões parecem ter um caráter ‘’técnico e de neutralidade”, mas não é! Mesmo porque nada que se relaciona a educação pode ser vista ou considerada como neutra!

Qualquer critério tem um cunho ideológico…Possui um arsenal teórico e metodológico! Assim como qualquer estratégia de jogo, tem um modelo! Qual ‘modelo de qualidade’ de educação pode ser implementada tendo em vista, por exemplo, 5.570 municípios tão diferentes em relação a estrutura física, formação de professores, acesso à internet, etc., e que são responsáveis por 23.027.621 milhões de alunos segundo o censo escolar Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)?

Nenhum jogador é neutro! Cada um deles com seus atributos irá defender seu time mesmo que precise fazer falta no adversário! Cada time, jogadores e ‘torcidas organizadas’ possuem uma ideologia com a qual vislumbra o caminho a seguir para derrotar o time e vencer o campeonato!

Muitos jogadores podem até defender educação pública brasileira, mas qual educação? Qual educação onde nunca existiu o ‘kit gay’ ou ‘biberões fálicos’, mas muitos acreditam? Qual educação onde ‘torcida organizada’ defende intolerância, ditatura etc.? Qual educação onde têm ‘guru ideológico’ para quem diz que não tem ideologia? Qual educação onde têm “Flor de lis’ e ‘Goiabeiras’?

A ideia de que a técnica vai prevalecer durante a partida da ‘regulamentação do FUNDEB’ é o mesmo que dizer que os jogadores em um time não jogam com o ‘coração’! Do mesmo modo, também é verdade dizer que muitas vezes esse coração tem um valor, custa muito, mas… O coração bate para um time… Depois bate para outro…

A disputa de cada partida será cada vez maior no ‘campo ideológico’!

‘Regulamentação’ não significa neutralidade!

Vencemos mais uma partida, e agora?

imagem: Fundeb

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Paula Arcoverde Cavalcanti

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