Dia 356/365 – A nefasta locomotiva.

Imagem: Fausto Saez https://catracalivre.com.br/quem-inova/exposicao-no-metro-lanca-olhar-moradores-de-rua-em-sp/

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1. O Decreto 10185/19, de 20 de dezembro de 2019, “extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de pessoal da administração pública federal e veda a abertura de concurso público e o provimento de vagas adicionais para os cargos que especifica” (Jus Brasil). Terceirização em alta. O cuidado que se deve ter é para que a redução do Estado brasileiro não signifique a extinção ou a precarização de serviços e políticas importantes para a população do país. O interesse do capital em controlar, explorar e lucrar, ou se desvencilhar, de serviços que hoje são prestados pelo Estado não pode se sobrepor aos interesses da maioria. Interessante que não se fala em redução de cargos comissionados, aqueles que permitem a tal “rachadinha”, e que, nesses casos, estão de fato vagos, e servem apenas aos que se locupletam com o dinheiro público. Se bem que isso aí é crime, táokei, e dá cadeia… Ou não.

2. Um dos pontos de ataque à Cultura durante a campanha pela barbárie, ou seja, pela eleição do ex-capitão, foi a Lei Rouanet. As coisas mais toscas e primárias eram repetidas pelos seguidores de robot contra tudo e todos. Menos contra a Havan. Acontece que o visconde de sabugosa é um dos grandes usuários da lei. São 211 projetos, em que há renúncia fiscal do estado brasileiro, aplicação direta e promoção da marca do esdrúxulo personagem (Jornal Brasil 247).

3. São Paulo, o centro financeiro do país, amplia em aproximadamente 66% a sua população em situação de rua desde o golpe de 2016 (Folha de S.Paulo). Comandada pelo bolsodória, primeiro o município depois o estado inteiro, absolutamente alinhado com a necropolítica do bolsoprojeto, a cidade é a materialização da exclusão.

4. Dados da ONU e do IBGE mostram o brasil como o segundo país mais desigual do mundo e São Paulo lidera o crescimento da desigualdade no Brasil (GGN). Voltada para um projeto de exclusão, de acumulação e de ampliação da desigualdade, a cidade laboratório extermina sua população das mais diversas maneiras, jogando-a na rua para morar ao desalento ou impedindo-a de permanecer na rua, como no caso dos jovens de periferia. O “combate” aos bailes nas ruas de urbanização precária das favelas é chamado de “operação pancadão”, somaram 7,5 mil ações entre 1º de janeiro e 1º de dezembro, data da chacina de Paraisópolis. Enquanto uma força-tarefa do bolsodória executava a chacina de Paraisópolis, outra operação acontecia em Heliópolis, e também deixou uma vítima fatal (Outras Palavras).

5. Assim como tratou as pessoas em situação de rua com água gelada em pleno inverno paulista, a resposta política do bolsodória à desigualdade que ajuda a produzir é a extrema violência aplicada à repressão e à criminalização da possibilidade de jovens negros e pobres ocuparem espaços públicos para se divertir. A resposta sempre é a violência, a morte, e a exclusão.

6. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, vinculado ao ministério da economia, divulgou um estudo da renda dos brasileiros em que demonstra que mais da metade da população do país teve perda de renda, ou não teve acréscimo, nesse primeiro ano do governo do síndico disfuncional. Para 2020, a situação promete piorar, pois o salário mínimo, pela primeira vez em 15 anos, virá sem ganho real acima da inflação. Ora, enquanto a inflação registrou em novembro aumento de 0,51%, o INPC, que reflete a variação da cesta de compras de famílias com renda de até 5 salários mínimos ficou em 0,54%. O governo pretende aumentar mais ainda o preço da cesta básica, providenciando o aumento de impostos sobre esses itens. 2020 promete ser nefasto.

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