Apenas no setor madeireiro, as florestas que podem ser licitadas têm potencial para girar ao menos US$ 1,8 bilhão ao ano, estima Roberto Waack, presidente da Amata, empresa que levou um lote de Jamari (RO). O valor é ampliado quando se consideram o extrativismo e as cadeias industriais da madeira.
Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, afirma que “a previsão da época esqueceu as instruções processuais”, como a necessidade de criar plano de manejo, fazer consultas públicas e obter autorizações ambientais. Neste semestre, 700 mil ha deverão ser concedidos.
Na mata densa, a economia pode ser turbinada com ecoturismo, serviços ambientais e extrativismo em cadeias produtivas para produzir fármacos, diz Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra e autor de “O Novo Manual de Negócios Sustentáveis” (2009).
“Na Europa, estão avançando nessa indústria sustentável e moderna. Esse papo [de só preservação] fica para nós. Estamos perdendo tempo”, diz a geógrafa Bertha Becker.
Em 2008, ela e outros cinco cientistas produziram um documento que propunha uma “revolução científica e tecnológica” na região: em dez anos, com investimentos de R$ 3 bilhões anuais, três institutos de pesquisa e duas universidades começariam a inventar formas de agregar valor a produtos locais e de inseri-los globalmente. “Até agora, não saiu nada. Mas deram mais dinheiro para bolsas [de pesquisa] na região.”
No fim de 2008, o Ministério de Ciência e Tecnologia criou a Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal, para desenvolver projetos de pesquisa e formar doutores. Os recursos da rede somarão R$ 19 milhões, entre 2009 e 2010.
Para o ministro Sergio Rezende, a base institucional “está crescendo”. Ele cita a criação da Rede Clima em 2008, de um futuro centro de pesquisa, em cooperação com a França, em Macapá (AP), e de oito institutos nacionais de ciência e tecnologia no Pará e no Amazonas. “Estamos avançando num ritmo que, se não é ideal, é o mais rápido que o Brasil já teve.”