Enquanto as grandes empresas de comunicação fazem campanha e sustentam a candidatura da oposição, com matérias e editoriais em defesa de Alckmin e com ataques ao governo Lula, o Tribunal Superior Eleitoral proíbe a circulação da Revista do Brasil produzida por 23 dos maiores sindicatos do país e pela CUT.
A decisão, que lembrou o tempo da Ditadura no país, foi motivada por uma representação da coligação Por um Brasil Decente (PSDB-PFL), contra a regional de São Paulo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) por conta da veiculação da primeira edição da Revista do Brasil. O ministro Carlos Alberto Menezes julgou procedente a representação, proibindo a distribuição da revista por qualquer meio, sob pena de multa prevista no § 3° do artigo 36 da Lei n° 9.504/97.
O primeiro número trazia na capa o presidente Lula e uma matéria analisando os motivos que o levam a permanecer com a popularidade em alta, apesar da crise política do ano passado. O segundo número, que traz na capa uma matéria sobre a Volkswagen, já estava sendo distribuído.
A ação do PSDB e do PFL alegava que a divulgação da revista é uma prática de conduta ilícita, porque algumas das matérias visavam “ressaltar a suposta força eleitoral do atual presidente da República, ao informar que seu governo não desmantelou programas sociais e não privatizou direitos sociais e culturais” segundo texto divulgado no sítio do TSE.
Segundo seus idealizadores, a Revista do Brasil foi lançada em maio com o intuito de fazer chegar aos cerca de 360 mil associados desses sindicatos “informação apresentada sob a ótica dos trabalhadores”. Os sindicatos estão recorrendo da decisão.
No dia 9 de agosto, de acordo com a agência Carta Maior, representantes de dezenas de sindicatos ligados à CUT, jornalistas e militantes de movimentos sociais protestam contra a censura imposta à revista. O vice-presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Audálio Dantas, criticou qualquer tipo de censura e defendeu a livre circulação de idéias, para que todos os cidadãos tenham direito à informação. “As opiniões da maioria das publicações da grande mídia, sejam ofensivas a uns ou elogiosas a outros, não sofrem censura, porque a Constituição garante que não haja esta prática. Então por que uma revista como esta, justamente um veículo dos trabalhadores, é censurada?”, questionou.