Fernanda Estima, da Ciranda, João Brant, do Intervozes, e a professora Elaine, da Fap Com, saúdam o Encontro. Foto: Mariana Lettis.
Os jornalistas Fernanda Estima e João Brant e a professora Elaine, da Fapcom, abriram agora à noite o I Encontro Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura, dando as boas vindas ao público participante. Eles apresentaram um pouco da proposta e da história da construção desse evento, que deve resultar, no domingo, no lançamento de uma rede estadual de militância pelas bandeiras do encontro.
Mais de 200 pessoas devem participar das atividades entre sábado e domigo, a maioria inscrita em praticamente uma semana desde que o site oficial foi lançado, indicando envolvimento de várias entidades na proposta.
Fernanda explica que diferentes formas de comunicação e mobilização legitimadas pelo movimento social participaram da organização desse encontro. “ Começamos praticamente na Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, no ano passado, juntando práticas de divulgação alternativas e atividades militantes para debater e expor nossa visão crítica da comunicação”, explica ela.
A partir daí o encontro foi feito com os encontros presenciais, uma ou duas vezes por mês, na sede do Sindicato dos Jornalistas, às vezes com auditório movimentado, outras com alguns/mas poucos/as participantes persistentes. A outra forma de comunicação foi a eletrônica, com lista de emails, publicações colaborativas e a construção de sites temáticos. Em 2006, havia apenas a Ciranda e o CMI, que cobriram a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação. Este ano, estão na cobertura, além dos dois sites veteranos, o Observatório do Direito à Comunicação, a rede 100 Canais e a iniciativa tem um site oficial para divulgar as ações da rede daqui em diante;
Mas também foi preciso utilizar a comunicação preferida pelos movimentos populares e sociais, que é sua mobilização pelas ruas em momentos de luta, reivindicação, celebração e protesto. Desde que a rede surgiu, as bandeiras da comunicação estiveram presentes na Marcha de Zumbi, em novembro, no Dia Mundial das Mulheres, em março, nas manifestações contra a visita de Bush, também em março, e sob repressão policial, no dia 5 de outubro, quando a renovação das concessões de emissoras como a poderosa Rede Globo foi questionada nas ruas, e nos vários momentos em que a sociedade e movimentos sociais se juntaram para debater caminhos da comunicação.
Essa participação no movimento social pode explicar o porque da presença de organizações nacionais e diversificadas como a CUT, Abong, CMP e UNE em um encontro que vai debater temas como convergência digital, ética na televisão, educação, cultura e o papel das mídias livres e populares.
“ A vitória que conseguimos, após uma longa jornada de reuniões e conversas, de momentos partilhados nas ruas e nas lutas, é fundamental porque a guerra pela democratização da comunicação e da cultura engloba as demais lutas, das mulheres, dos negros, dos gays, dos lutadores do povo de vários segmentos”, diz Fernanda Estima. Ela explica que o 17 de outubro, por exemplo, une duas bandeiras: “a luta das mulheres contra a pobreza e a de todos nós pela democratização da informação e de seus meios”.
A proposta do encontro que transcorre hoje na FapCom aumentar a interconexão dessas lutas. “Ampliar neste sentido, abrangendo os movimentos sociais, nos fortalece, constroi um caminho de mão dupla que ajuda a chegar à sociedade como um todo. Por isso festejamos essa conquista e esperamos que dela venha nossa vitória e que seja realmente possível uma outra comunicação no país”, disse a feminista.
João Brant explicou que os participantes dos Painéis e Grupos de debate que trabalharão durante todo o sábado se debruçarão sobre os problemas e desafios que a rede deve enfrentar daqui para frente e em como provocar mudanças