As redes sociais e o mundo digital parecem que retira qualquer receio ou ponderação dos indivíduos, quando do exercício da liberdade de expressão de alguns ‘‘poetas’’, ‘‘profetas’’ e aspirantes a humoristas sem graça. A galera perde o pudor de ser cretino, postam vídeos ridículos, cometem crimes, e quando advertidos, saem com uma mea-culpa de sorriso amarelo igual a bisnaga da antiga pasta de dente Kolynos – alguns vão lembrar.
A pérola humorística, pelo menos pretendia ser, me foi apresentada em um grupo de whatssap, na postagem de um vídeo de cunho sexual, protagonizado por uma criança do sexo masculino, que aparentava ter três a quatro anos de idade. Este menino massageava uma bunda de uma mulher, seguida da mensagem: ‘‘coloca o menino no grupo, ele é um dos nossos’’. Ou seja, não basta o péssimo gosto da postagem, que também é um tipo penal trazido no 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o ‘‘artista’’ não se contenta e nivela todo mundo com base nele próprio.
Um cidadão do grupo fez a seguinte provocação ao ‘‘artista’’: ‘‘troque o menino por uma menina alisando um homem, o que você acha?’’. A resposta se resumiu a um simples ‘‘relaxe…’’, na mesma linha do ‘‘tomar no cú’’ de Queixão para Roque, em Opaió.
A exposição de uma criança do sexo masculino a abusos de cunho sexual é uma piada, a ser comemorada, por denotar a masculinidade tóxica em um ser em formação. Um menino em pueril e tenra idade que pratica sem consciência da lascívia, atos que podem ser interpretados por um viés sexual, é celebrado pela horda de homens doentes pela masculinidade viril incutida, isto é, em sua patologia, como hienas contaminadas por algum vírus, que as fazem rir esquizofrenicamente, eles comemoram os sintomas de mais um possível doente, no caso uma criança sem noção da educação violenta que esta submetida.
No fundo, é o alento do roto que se sentem feliz ao ver outro roto ou um que esteja em pior estado ou caminhando para tal.
É assim que nos ensinam a sermos estupradores e se formam os suicidas, pessoas depressivas, complexadas; alimentando uma sexualidade heterossexual nos meninos, que sequer fazem ideia naquele momento o que é ‘‘um bode solto atrás da cabritas’’.
E se o bode gostar de bode?
A cultura do estupro traz a teratológica ideia de que meninos abusados por mulheres, não sofrem violência, seria assim, uma espécie de prêmio, a antecipação criminosa da vida sexual. Tal raciocínio não se dá em relação às meninas, maiores vítimas dos casos de pedofilia, repudiada aparentemente pelo macho alfa, mas que hipócrita e paradoxalmente é o principal autor de tais crimes sexuais.
Só pra consta, ‘‘não sou da sua iguala’’, como diz mainha, pena que apagou a postagem, porque nestes casos eu sou ‘‘caguete’’, só para ver seu sorriso amarelo, amarelar de vez.
Imagem: ciranda.net
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