Histórias não contadas

A fuga de cérebros da África foi lembrada por Maremá Touré Thiam,do Senegal (CODESRIA), na Plenária sobre Gênero e Equidade, para pontuar que a Diáspora é formada também por intelectuais africanos/as que buscam melhores condições de vida e de trabalho. E que um dos problemas da intelectualidade africana é ter sua pesquisa pautada por quem tem o dinheiro.

Não há muita margem de escolha, segundo ela. E por isso conta-se a história da conquista da Africa e não da resistência. E do ponto de vista dos homens.

“Os estudos femininos são duplamente colonizados”, disse Thiam, que defende a formação de uma rede pan-africana de mulheres pesquisadoras para modificar o que ela chama de “situação surreal”, em que os olhos dos homens definem os estudos das mulheres, e os olhos do exterior é que pautam os homens.

Valores sobreviventes

Mudar o modo como se pesquisa e se conta a história da África é decisivo para que as pessoas saibam que os africanos não foram levados docilmente de suas terras e que as mulheres nunca se calaram, mesmo durante os séculos da escravidão.

A fala do cantor Stevie Wonder, durante o primeiro dia de conferência, foi lembrado pela Senegalesa, como exemplo de valores transmitidos por gerações.

O canto homenageou sua mãe, com quem aprendeu que a deficiência visual não poderia impedir que tivesse uma vida bem sucedida. Esse papel materno esteve presente em toda a história de resistência à dominação cultural a que africanos e africanas foram submetidos durante os séculos da escravidão. “A mãe africana é a heroína da resistência contra o império”, disse Thiam

Para ser contada, essa contribuição deve ser pesquisada com liberdade, o que hoje não acontece na historiografia africana.

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