Uma situação somente se torna problema no Brasil, quando incomoda a elite brasileira, e por tal não estou falando de você classe média. É… por que nós achamos que estamos no camarote da ‘‘festa esquisita’’, quando, no máximo, sentamos nas cadeiras numeradas, o que já é um privilégio. A classe média não pega buzú, anda de carro financiado, tem uma reprodução da senzala pós-moderna, com o direito de pegar Covid-19 da criadagem, né ‘’Dalila’’?
O ‘‘burguês-níquel’’, o ‘‘burguês-burguês’’, é pior que o ‘‘centrão’’, este vive no poder sejam quem for o troféu abacaxi, e realmente tem poder; já aquele, pensa que tem algum poder, por ser o cão de guarda da verdadeira burguesia brasileira, mata e morre por ela e para ser ela. Até tem um pequeno necropoder autofágico, mas não passa disso.
As pautas necropolíticas de Jair Bolsonaro não surtiram nenhuma preocupação na elite brasileira: empatia e solidariedade zero. O proletário que se arrisque como ‘‘kamikaze’’ para não morrer de fome. A Covid-19 é uma roleta russa, já a fome é morte certa, segundo a high society brasileira saciada que assiste de camarote e protegida, a batalha romana pela morte dos trabalhadores brasileiros – sim, pela morte –, sob o hipócrita slogan: ‘’estamos no mesmo barco e sairemos dessa juntos’’.
Mas a coisa mudou. O negacionismo e a ignorância doentia passaram a cutucar a economia neoliberal. Opa, temos um problema! Tira o mestre em logística responsável pelo genocídio de Manaus, troca o ministro de quinta série das relações ‘‘interiores’’, o tal diplomata do barulho. Porém, nada foi suficiente para acalmar os bolsos da elite brasileira, preocupada com os negócios que não envolvem pessoas, meros números de um CPF.
Faz o que agora? Chama o direito, pois a receita é antiga e sempre funciona. Lá atrás a propriedade privada se tornou direito natural, protegida no mesmo patamar da vida, quer dizer… na prática, esta acima das pessoas. O fenômeno jurídico, procurador dos interesses da elite, é um produto ideológico que dá aparência de legitimidade à apropriação e exploração burguesa. Contrato de trabalho, por exemplo, consolida como axioma irrefutável e legítimo, a apropriação da riqueza gerada pelo trabalho não remunerado pelo capitalista.
Pois é, como o pau tá dando em Chico e em Francisco quando o Corona pega de jeito, vamos, então dar ordens como deve ser. Ou seja, nós elite precisamos sim ‘‘furar a fila’’, vai que dessa vez o projeto de ‘‘branqueamento’’ da população funciona?
Está morrendo pobre e preto no SUS, a chance é essa! Mas para ter sucesso este plano genocida em prática desde 1888, precisa proteger a elite branca endinheirada.
A lei do ‘‘fura fila’’ da vacina da Covid-19, que permite que o setor privado adquira imunizantes, é imoral como a elite brasileira o é, e os que aspiram um dia ser também são.
Eles podem pagar e comprar vacina, deputados, senadores e o que precisar, quem não pode, fique ao Deus dará.
Omolu nos proteja!
Imagem: montagem Ciranda.net
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