Andre Accarini, da CUT – Em várias cidades do Brasil, panfletagens, atos, manifestações e assembleias serão realizadas na próxima sexta-feira, 22 de março, o dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência.
A data marca a resistência dos trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil contra o fim do direito à aposentadoria, que é o que vai acontecer se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019, da reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL), for aprovada pelo Congresso Nacional, onde está tramitando.
Sérgio Nobre, Secretário Geral da CUT, afirma que a mobilização da próxima sexta-feira será um dia de alerta para que a classe trabalhadora se conscientize realmente de que o Brasil de hoje promove uma série de ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, e um esquenta para uma possível greve geral, caso Bolsonaro insista em aprovar sua proposta para a reforma da Previdência.
“Temos um grande motivo para uma greve geral e 22 de março será um dia de alerta. A CUT e as centrais orientaram seus sindicatos, que estão dialogando com os trabalhadores sobre o que representa essa reforma. A sociedade precisa ter noção do que está acontecendo”, diz o dirigente.
Entre as principais perversidades da proposta estão a impor a idade de 65 anos para os homens e 62 para mulheres como idades mínima para a aposentadoria, além do aumento do tempo de contribuição – 15 para 20 anos – e o fim das atuais regras para a aposentadoria de trabalhadores rurais e professores A PEC da reforma da Previdência ainda traz a possiblidade de ser implantado o regime de capitalização, em que o trabalhador contribui mensalmente, em uma conta individual, administrada por financeiras privadas.
Sérgio alerta ainda que em países como México e Chile, onde a capitalização foi adotada, o que se viu foi idosos com benefícios reduzidos de forma drástica e vivendo de favores das famílias.
“Esse sistema de capitalização da previdência não serve para nada além de atender aos interesses dos bancos, tirando o dinheiro do trabalhador. É preciso entender que a Previdência também ampara as pessoas na viuvez, nos acidentes de trabalho, nas doenças e, se houver um desmonte, o estrago será irreversível”, diz Sérgio Nobre.
Ele também alerta que o Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência é um alerta à classe trabalhadora sobre a realidade imposta pelo governo Bolsonaro, que deu continuidade ao ataque aos direitos dos trabalhadores, iniciado pelo ilegítimo Michel Temer (MDB), com ações como a reforma Trabalhista e a lei que ampliou a terceirização.
“Com Lula tivemos, no início do seu governo, programas como o Fome Zero, para acabar com miséria no Brasil, (além da promoção de) mais direitos e geração de emprego e renda. Bolsonaro já está há quase 90 dias no poder e até agora só o que fez foi atacar os direitos”, lembra Sérgio, que completa: além de acabar com o sonho da aposentadoria, enganando o povo brasileiro, o presidente fala apenas em flexibilização ainda maior da lei trabalhista, com a ideia da carteira verde-amarela – com menos direitos aos jovens que ingressam no mercado de trabalho – , ao mesmo tempo em que ataca a organização sindical por meio da Medida Provisória (MP) 873.”
O dirigente considera a MP uma atrocidade, “um ataque à democracia”. Ele afirma que “é uma maldade do governo para neutralizar a luta dos sindicatos pelos direitos dos trabalhadores, ameaçando inclusive autuar e prender a diretoria das entidades que não mudarem o desconto em folha pela emissão de boletos, conforme prevê a MP”.
Manifestação Popular
O desmonte do sistema previdenciário, o fim do sonho da aposentadoria e a tentativa de Bolsonaro de “acabar de vez” com as leis trabalhistas, na avaliação de Sérgio Nobre, são motivos para que o trabalhador reaja é vá às ruas na sexta-feira 22, Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência.
“A vida do trabalhador nunca foi fácil, mas foi sempre em momentos de dificuldade que a nossa luta conquistou e manteve direitos. E agora não pode ser diferente”, diz, reforçando também a necessidade de pressionar os parlamentares para que votem contra a proposta porque, segundo ele, é desta maneira que se sensibiliza a classe política: “tem que dizer ?camarada?, votei em você para melhorar a vida do povo e não para tirar direito do trabalhador”.
Veja os locais onde serão realizados atos no dia 22
São Paulo (SP): às 17h, em frente ao MASP, na Avenida Paulista;
Porto Alegre (RS): às 18h, na Esquina Democrática;
Campo Grande (MS) : paralisação com ato público às 9h na Praça do Rádio Clube. Em todo o estado, assembleias da FETEMS aprovaram greve geral no dia 22;
Fortaleza (CE): às 8h na Praça da Imprensa (bairro Dionizio Torres);
Florianópolis (SC): às 17h, no Ticen;
Rio Branco (AC): às 8h, em frente ao Palácio Rio Branco.