Socorro

Socorro pressupõe ECO. ECO pressupõe VIDA.
Vida requisita sobrevivência. Sobrevivência requisita esperança.

Alguém grita no escuro…”socorro !”. Talvez uma voz feminina cis. O Silêncio. Socorro ! Está perto. Socorro pressupõe ação. Help ! Ayuda me ! Socorro é uma estética. Mesmo que a palavra nunca apareça.

Certa vez, em uma Aldeia Kariri Choko. 3 irmãos estavam nadando no Velho Chico. Os pescadores avisam que o Chico agora tem uns redemoinhos, quase que imperceptíveis, puxando para as profundezas do Rio. O irmão mais novo viu quando seu irmão do meio olhou no fundo dos seus olhos antes de afundar com um olhar de SOCORRO. O menino gritou: SOCORRO ! O irmão mais velho já estava pulando novamente da pedra para as águas sem pestanejar. Quando apontei, ele olhou o irmão com olhar de certeza e mergulhou nas profundezas. Esses olhares nunca mais se encontraram. E o menino, mais novo gritou SOCORRO. Correu por SOCORRO. VOLTOU com SOCORRO. A cidade inteira Socorro. Mas sequer os dois corpos seriam encontrados.

Até que então, Antônio Pescador conhecera um bêbado em um bar na cidade vizinha. O bêbado pedia SOCORRO. Era trabalhador da Hidrelétrica. Para aumentar a produtividade de geração de energia, manuseavam e intensificavam as turbinas profundas. Naquela semana, o trabalhador bêbado tinha descoberto que um ator global desaparecera no São Francisco. 25 minutos depois que ele apertou os botões que acionaram as turbinas. Anos antes, os sobrinhos dele que conheciam muito o rio, estavam de férias no mesmo lugar que o ator global desaparecera. E ele com o relatório nas mãos repetia. 25 minutos depois. 25 minutos depois. Os mesmos botões. As mesmas turbinas. Era tamanha violência que o Rio reagia porque parecia doer. E ao gritar sufocado, a palavra não aparecia. E o rio, então, provocava redemoinhos de SOCORRO.

imagem: CBHSF – Edson Oliveira

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