As pedras no caminho da volta às aulas

Ontem (20 de julho), a Fiocruz publicou recomendação sobre o retorno das atividades escolares. O documento destaca a importância de considerar abertura diferenciada entre redes públicas e privada. Também reforça a necessidade do cuidado para mitigar riscos que parcela de alunos e professores da rede escolar sofrem devido a realidade nacional de desigualdade de acesso ao ensino e condições epidemiológicas.

Onze itens foram listados e deverão ser observados antes do retorno das atividades escolares. Eles complementam os seis itens básicos apontados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). São eles:

1 – A transmissão da doença deve estar controlada.
Isso significa que:
– O município deve ter disponibilidade de pelo menos 30% de leitos disponíveis.
– O número de hospitalizações e internações em UTI de casos confirmados e prováveis pelo menos nas últimas duas semanas reduzido.
– Tenha havido diminuição do número de mortes entre casos confirmados e prováveis pelo menos nas últimas três semanas.
– O sistema de saúde deve estar pronto para detectar, testar, isolar e tratar pacientes e rastrear contatos.

2 – Devem ser adotadas medidas preventivas nas escolas
Tais como:
– Construção e apresentação de plano detalhado de medidas sanitárias, higienização e garantia de distanciamento entre as pessoas, de 2 metros, no ambiente escolar e salas de aula.
– Adoção de medidas individuais com uso de máscaras para todos os alunos, trabalhadores e profissionais da educação. Destaque para a não indicação de uso de máscaras por crianças abaixo de 2 anos e observando o aprendizado para o uso nas crianças entre 2 e 10 anos.

3. Os transportes públicos e escolares devem estar controlados, garantindo o distanciamento social

4. Deve estar funcionando o controle do risco de importação de doença, vinda de outros lugares.

5. As comunidades escolares devem ser capacitadas, engajadas e empoderadas para se adaptar às novas regras.
Isso significa que:
– Os pais, sempre que possível, através de suas organizações, trabalhadores da educação e professores devem estar participando no planejamento do retorno

6. Deve haver atenção para estudantes especiais.

7. Atenção para o bem-estar psicológico e socioemocional para toda a comunidade.
Ou seja,
– Ao reabrir as escolas, os professores precisam lidar com os riscos à saúde e com o aumento da carga de trabalho para ensinar de maneiras novas e desafiadoras.
– As autoridades devem garantir que os professores e toda a equipe recebam apoio psicossocial contínuo para alcançar seu bem-estar socioemocional.
– Isso será especialmente crítico para os professores encarregados de fornecer o mesmo apoio aos alunos e famílias

9 – Os professores e suas organizações representativas devem estar incluídos nas discussões sobre o retorno à escola.

– As organizações devem estar envolvidas na identificação dos principais objetivos da educação, reorganização dos currículos e alinhamento da avaliação com base no calendário escolar revisado.
– Eles (professores e sua organizações) também devem ser consultados sobre questões relacionadas à reorganização da sala de aula.

9. Trabalhadores da educação e Professores acima de 60 anos ou com comorbidades devem permanecer no isolamento social.

10. Garantir melhores condições de trabalho para toda a comunidade escolar.
Significa que
– Lacunas nos recursos humanos poderão ser reveladas no retorno às atividades escolares e horários e rotinas de trabalho serão difíceis.
– Professores e suas organizações representativas devem ser incluídos no diálogo sobre o desenvolvimento de estratégias de recrutamento rápido, respeitando as qualificações profissionais mínimas e protegendo os direitos e as condições de trabalho dos professores.

11. Os recursos financeiros devem ser ampliados e mantidos.

– Sua utilização deverá garantir a continuidade da aprendizagem.
– As autoridades educacionais precisarão investir em professores e trabalhadores de apoio à educação, não apenas para manter os salários, mas também fornecendo capacitação essencial e apoio psicossocial.
– É importante que os governos devem resistir a práticas que possam prejudicar a atividade didática e a qualidade da educação, como aumentar as horas de ensino ou recrutar professores não capacitados.

O texto apresenta, também, analise sobre a situação do município do Rio de Janeiro. Nesta cidade, a Fiocruz não recomenda abertura das escolas!

clique aqui para ler o documento na integra:
retornoaulas-20julho2020-1.pdf
Documento da Fiocruz foi elaborado por :
– Hermano Albuquerque de Castro – Médico Pneumologista e Pesquisador Titular ENSP/Fiocruz.
– André Reynaldo Santos Périssé – Médico, Pesquisador Titular ENSP/FIOCRUZ
com apoio da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde – VPAAPS/Fiocruz

link para artigo no portal da Fiocruz : ENSP-Fiocruz

Imagem: Alexandra Koch – pixabay

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