Dona Olinda

Ontem foi o Dia das Mães. Data oficializada no Brasil na década de 1930, quando o presidente Getúlio Vargas emitiu o decreto nº 21.366, em 5 de maio de 1932. Por meio desse documento, determinou-se o segundo domingo de maio como momento para comemorar os “sentimentos e virtudes” do amor materno.

Foi um domingo sem precedentes na comemoração desta data, pois, em tempo de pandemia e do isolamento social as mães tiveram pouco o que comemorar ainda que muitas formas criativas se manifestaram para que a data não passasse em branco e sobretudo a esperança que no ano que vem tudo voltará a ser como antes: o almoço em família, presentes e abraços. Será?

Nessa incerteza, penso na dona Olinda. Não, não é a minha mãe.
Talvez a única semelhança entre elas e a maioria das mães seja a célebre frase “conheço o filho que eu tenho” e quão esta consciência pode ser uma alegria ou uma tristeza constante na vida de uma mãe.

Não conheço dona Olinda, mas nos seus quase noventa anos, quando entrevistada, contou que criou seu filho com muito amor. Não queria que fosse uma criança estúpida, bruta e que não era de falar besteira. Creio que de lá para cá ela deve ter passado por situações no mínimo inusitadas como mãe de quem é.

Não bastasse toda a tempestade que estamos vivendo, somos bombardeados diariamente, pelo filho desta mãe, com suas
atitudes nada confiáveis, mostrando uma incompetência inacreditável para o cargo que ocupa, uma visão míope e medíocre e sobretudo uma organização mental rasa e limitada, sobrepujada pelo controle e poder. Até quando ele se sustentará neste frágil governo de si mesmo?

Lamento que a neta de dona Olinda tenha sido colocada em exposição tão escancarada, sem máscara… diante de insanos apoiadores que provavelmente ainda não conheceram a morte de algum ente de seu afeto pela Covid-19. Espero que ela ainda possa ser uma criança saudável, que tenha oportunidade futura de reconhecer seu pai neste triste contexto histórico e que sobretudo nesta data, neta e avó, tenham comemorado (cada uma em sua casa) os “sentimentos e virtudes” do amor materno.

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