Foto: Eliane Gonçalves
O massacre ocorrido há 24 anos, em em 2 de outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandirú, deixou 111 mortos. 111 detentos executados bestialmente, sem possibilidade de fuga, sendo os relados feitos do longo processo que têve cinco juris, entre 2013 e 2014.
Mas essas mortes se mantém como feridas abertas no já esgarçado senso de Justiça brasileiro. No dia 29 de setembro, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) paulista anulou os julgamentos nos quais haviam sido condenados 74 policiais militares acusados pelas mortes dos detentos.
Em homenagem aos mortos do Carandirú, neste dia dos mortos de 2016, o diretor de teatro Zé Celso, abriu a vigília organizada pelo artista plástico Nuno Ramos, no lamento em que transformou a leitura da lista de nomes daqueles homens, continuamente barbarizados, pelo tratamento desumano que tiveram na prisão dos horrores, hoje demolida, pelo massacre impiedoso cometido pelo Estado brasileiro, pela impunidade sacramentada 24 anos depois.
Os assassinos estão livres.
Os mortos desfilam seus nomes na voz de Zé Celso
“Tem muitos da Silva, como o Lula, tem muitos santos também” , disse Zé após repetí-los, de corpo em corpo velado mais uma vez. O artista viu-se neles: “não são só 111 pessoas, são todos nós, são vítimas dos mocinhos, daqueles que dividem o mundo entre mocinhos e bandidos.”
E então passou a palavra ao escritor Ferrés: a oração feita de nomes repetidos seguiu desde as 16 horas da véspera de Finados, atravessando a noite, até as 16 horas deste Dia de Todos os Santos.