A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer

“Mulheres querem um mundo mais justo,
Pros filhos crescerem sem susto.
Mulheres querem um mundo de paz,
Sem elite e sem capataz.
Amigas, vamos marchar
Chega de fome, pobreza e violência,
Amigas, vamos marchar
Cantando pro mundo a nossa irreverência.
É terra, para gozar
Maternidade e aborto seguros
É vida, prá navegar
E saber eleger quem respeite
a quem aqui está! Vamos!”

Com essa música, cantada por uma platéia de cerca de 300 mulheres, encerrou-se a apresentação do grupo “As Mal Amadas Cia.de Teatro”, realizada à noite no Parque Jayme Ferragut, que hospedava as 2 mil marchantes. Em tom de comédia, o grupo composto por feministas militantes, dirigidas por Marta Baião, falou de violência contra a mulher e de sexo seguro, com farta distribuição de “camisinhas” femininas, que fizeram a festa da galera, inclusive de muitas mulheres que não conheciam o preservativo.

O alto astral predominou, a energia foi renovada, depois de uma caminhada estafante, onde várias mulheres passaram mal, e algumas tiveram que ser socorridas. O calor excessivo, a marcha no asfalto subindo e descendo morros constantes nesta região, deu trabalho em dobro para a comissão de saúde, composta por mulheres com alguma formação na área, que atendeu a todas, cuidando dos primeiros socorros. Outras que estão tendo muito trabalho são as que compõe a comissão de água, encarregada de distribuir copos de água diversas vezes durante a caminhada, recolhendo a seguir os copos descartados.

Além de dois carros de apoio que acompanham a marcha diariamente, há uma van que transporta as mulheres que apenas não agüentam mais caminhar, e havia um resgate da Prefeitura de Vinhedo à nossa disposição levando ao hospital casos mais sérios, a maioria problemas de pressão, hipertensão, torções de pé ou no joelho.

Assuntos de mulher…

Após a sesta, no final da tarde, aconteceram os grupos temáticos de discussão: economia solidária e feminista; saúde da mulher e práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade; educação não sexista e não racista; a mídia contra hegemônica e a luta feminista; mulheres negras e luta anti-racista; mulheres indígenas; mercantilização do corpo e da vida das mulheres; prostituição; mulheres, arte e cultura.

A participação nos grupos temáticos foi bastante variada, e cada mulher escolheu o assunto que preferia. Satisfação com novas coisas aprendidas, com a troca de idéias e de experiências as mais variadas em todos os temas, era a tônica na hora do jantar. Mulheres urbanas e rurais, jovens e idosas, brancas, indígenas, negras, heterossexuais e lésbicas, intelectuais e operárias, elas aproveitam para aprender novas coisas, refletir sobre novas idéias, alimentando o sonho de um novo mundo, com justiça, liberdade e igualdade.

Foto: Marcela Mattos (Comissão Saúde atendendo)