Teoria propõe revolução no sistema de loterias federais

Chamar a atenção do mundo para os problemas socioambientais latentes em muitos países, criando mecanismos que poderão permitir a todos dar sua parcela de contribuição para a solução ou minimização desses problemas. Esse é o objetivo da teoria “Amazonloto: a Loteria da Vida”, também chamado de Bioloto, de autoria do mestre em Engenharia Civil, Hélio Elarrat, docente da Universidade Federal do Pará. A apresentação do projeto foi uma das atividades do Fórum Social Mundial, que ocorre em Belém até este domingo, dia 1º.

De acordo com a teoria de Elarrat, o projeto consiste em se criar e administrar, em um país sede, uma loteria internacional de 100 números, com sorteio semanal de cinco ou seis dezenas. Cada país participante desse sistema, por sua vez, é dividido geograficamente em grandes e pequenas áreas, as quais se associam às dezenas da loteria. Considerando que cada país membro do sistema contribua regularmente com 10% da renda destinada às loterias federais, recursos a serem administrados pelo país sede, haverá um montante arrecadado para ser sorteado entre as pequenas áreas em contrapartida ao empecilho da falta de verba para resolver diversos problemas de cunho socioambiental.

A teoria prevê, ainda, a criação da Fundação Amazonloto, que deverá receber uma parcela semanal de 1% dos 10% arrecadados de cada país participante, inclusive do país sede. Essa fundação terá como principal objetivo, constante em seus estatutos, o de premiar, anualmente, 100 personalidades ou associações que mais se destacarem na proposição de ideias, trabalhos científicos, livros, ações, de qualquer país, as quais possam ajudar na humanização do planeta, propondo soluções para problemas como desemprego, fome, moradia, escassez de água, drogas, corrupção, cárceres e outros.

A proposta foi resultado de um trabalho desenvolvido por Elarrat em conjunto com outros docentes da UFPA para obtenção do Prêmio de Empreendedorismo Consciente, do Banco da Amazônia. Para conceber a proposta, o pesquisador levou em conta o fato de que, atualmente, mais de 70 países do mundo praticam loterias, cujo valor bruto mensal soma um total maior que 200 bilhões de dólares. “Se houver um bom sistema administrativo, essa renda pode ser aproveitada de forma muito mais satisfatória no que consiste em combater as mazelas socioambientais”, sintetiza o professor.

“O projeto é viável e pode se mostrar muito eficiente, a questão é como fazer para superar os desafios e tirar as pedras do caminho. Para isso, o primeiro passo é trabalhar a motivação mundial para despertar interesse pela ideia”, continua o pesquisador que enfrenta inúmeras dificuldades para divulgar a proposta. “O Amazonloto é uma ferramenta que dá oportunidade e incentiva os países mais ricos a ajudarem os mais pobres e quebra paradigmas, uma vez que sugere sistemas de premiações específicas para loterias associadas”, afirma. Apesar das dificuldades, as esperanças existem mediante iniciativas como a do Brasil e a de Portugal que, inclusive, já se reuniram para discutir um sistema de loteria unificado.

Durante o Fórum Social Mundial, a ideia do Amazonloto foi bem avaliada pelos que participaram do debate sobre o tema. “Vemos que hoje os sistemas de loterias federais funcionam como o maior cassino do mundo. A proposta do Amazonloto viria para revolucionar os esquemas de corrupção e desvio de verbas que, atualmente, norteiam essas premiações”, afirmou Conceição Elarrat, participante do Fórum. Na opinião de Eliane Cabeza, que também esteve na apresentação, é necessário fazer a proposta chegar e ser adotada pelas autoridades: “Só assim conseguiremos mudar a realidade para que um outro mundo se torne possível”.

Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

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