[en]Anti-capitalist theatrical presentation on the Day of Global Action [pt]Dramaturgia anticapitalista no dia de ação global

[en]A World Social Forum Day of Global Action and Mobilization? Opening march, political act, seminars, conferences and debates? Maybe. But it was not like that on January 26th, in São Paulo’s city center. Chá Bridge, Líbero Badaró Street, Ramos and Patriarca Squares. An occupied and colorful city center in which words of order and rehearsals took place in four different points, separated by distance, by streets and by a non-intense traffic, since it was Saturday. Very soon, this dispersion would turn into a verbal confrontation.

The struggle for social transformation took over the streets in a great theatrical performance. In a ludic way, in which creativity and good humor were combined with dream and hope, many cultural agents, professional actors and non-actors, militants of social and popular movements took over São Paulo’s city center, which was transformed into a stage.

The “actors” were divided in groups by color and, at noon, the concentration for a theatrical confrontation based on Shakespeare’s play “King Lear” started. In one side, the Empire, which was represented by the color white and chanted its words of order defending free-trade; private property; the end of human rights and against equality and respect.

Social movements were divided in groups with the colors yellow, blue and red. They presented demands for rural reform; environmental struggles; sovereignty; women’s, afrodescendents’ and homosexuals’ struggles; for the right to housing, to water and to education. And, against the Empire, they chanted war songs: “The G8 gang/Our future condemns/Always stealing our wealth/And our poisoned water/United Latin America/This is our salvation/What imperialism truly fears/ is our union”.

The Empire did not move from its position. It insulted and affronted other groups, defending the end of popular governments in Latin America and a market-oriented education. Insolent and arrogant, it sang to the feminists from the Yellow group a famous Brazilian funk song that says something like: “just a little smack, it won’t hurt”.

Groups and movements gave their response. The confrontation becomes more and more evident at each moment. And even having the police next to them, ready to repress, as usual, the Empire did not win. They were bombed with paint: “another world is possible/ we are already creating it/now it’s time, my friends/let’s work, come on!!”

According to the evaluation of Graça Cremon, who presented this action-theater proposal to Social Movements Coordinators, “since this is a ludic activity, it allows us to look upon great human matters with less emotional involvement. Theater is an exercise. It is like having a theory, which is put in practice through theater.”

The theatrical presentation was based on social and popular movements’ struggles. Theater directors, such as Dulce Muniz, Rubens Brito, Thiago Reis Vasconcelos, Marcos Pavanelli collaborated, and different theater groups took part in the performance. “The Empire represented everything that oppresses us, from a controlling father or boss up to a repressing State. I am sure that among all the 500 activities that were proposed for this Forum, none of them was as rich and involving as ours. The spirit of the Forum was here today. What does this mean? It means that, indeed, another world is possible!”, celebrates Graça, when the confront that was able to “overthrow” capitalism came to an end.

[pt]Dia de Ação e Mobilização Global do Fórum Social Mundial? Marcha de abertura, ato político, seminários, conferências e debates? Pode ser. Mas não foi assim o dia 26 de janeiro no centro da capital paulistana. Viaduto do Chá, Líbero Badaró, Praça Ramos e Patriarca. O velho centro ocupado, colorido, gritos de guerra e ensaios aconteciam em quatro pontos separados pela distância, por ruas, pelo tráfego um pouco mais lento por ser sábado. Muito em breve, a suposta dispersão se transformaria em confronto verbal e enfrentamento.

A luta pela transformação social ganhou as ruas com uma grande peça teatral. De forma lúdica, aliando criatividade e bom humor com sonho e esperança, muitos agentes culturais, atores e não-atores, militantes dos movimentos sociais e populares tomaram as ruas do centro velho de São Paulo, convertido em palco.

Divididos em clãs, a partir do meio dia começou a concentração para o confronto cênico, baseado na peça “Rei Lear”, de Shakespeare. De um lado o Império, representado pela cor branca, entoava suas palavras de ordem em defesa do livre mercado, da propriedade privada, pelo fim dos direitos, contra a igualdade e o respeito.

Os movimentos sociais estavam divididos entre os clãs de cor amarela, azul e vermelha. Apresentavam as demandas por reforma agrária, soberania, as lutas das mulheres, dos negros, homossexuais, pelo direito à moradia, à água, à educação, as lutas ambientais. Todos contra o Império, entoavam cantos de guerra: “A gang dos G8/Nosso futuro condena/Roubam sempre nossas riquezas/E nossa água envenena/América Latina unida/É a nossa salvação/O que o imperialismo tem/é a nossa união”.

O Império não se movia de sua posição. Insultava e afrontava os demais clãs defendendo o fim dos governos populares na América Latina ou então a mercantilização da educação. Descarado e arrogante, cantou para as feministas do clã Amarelo que “um tapinha não dói”.

Seguiam-se as respostas dos clãs, dos movimentos. O confronto foi ficando a cada momento evidente. E mesmo com a polícia ao seu lado pronta para reprimir como sempre faz, nem assim o Império venceu. Foram bombardeados com tinta guache: “outro mundo é possível/nós já estamos a criar/chegou a hora, companheiros/mãos na massa vamos lá!!”.

Na avaliação de Graça Cremon, que apresentou a proposta de teatro-ação para a Coordenação dos Movimentos Sociais, “como é uma atividade lúdica, nos permite olhar as grandes questões humanas com distanciamento. O teatro vem como um exercício. É como se tivessemos uma teoria e, através do teatro, desenvolvêssemos uma prática”.

A dramaturgia partiu das lutas dos movimentos, e contou com a coloboração de diretores de teatro como Dulce Muniz, Rubens Brito, Thiago Reis Vasconcelos, Marcos Pavanelli entre outros e a participação de grupos teatrais. “O Império representou tudo que nos oprime, desde um pai controlador, um patrão mais ou menos, até um Estado repressor. Tenho certeza que das mais de 500 atividades propostas para esse Fórum, nenhuma foi tão abrangente, envolvente quanto a nossa. O espírito do Fórum esteve aqui hoje. E o que isso significa? Que outro mundo é possível, sim!”, comemora Graça ao final do confronto que conseguiu “derrubar” o capitalismo.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *