Pela primeira vez, em 2007, foi realizado um Fórum Social dos Estados Unidos. O encontro aconteceu em Atlanta, em julho último, e foi avaliado durante a última reunião do Conselho Hemisférico das Américas, conjunta com o encontro do Conselho Internacional do FSM, no final de outubro, na cidade de Belém.
Embora pequeno, para as proporções do país e região do entorno, o Fórum norte-americano, realizado em agosto, acabou se transformando em um descompressor dos temas que se tornaram tabús desde o 11 de setembro de 2001.
Depois do ataque às torres gêmeas, todas as reivindicações e lutas das organizações sociais no país foram minimizadas pelo conjunto da sociedade.
Embora as agressões à população tenham acontecido com bastante evidência, a ativista Cindy Wener, da Aliança Popular para a Justiça Global (Grassroots Global Justice Alliance) explicou que nem a esquerda nem as forças progressistas reagiram a pelo menos seis acontecimentos importantes. Um deles foi nada menos que o Furacão Katrina que assolou uma das regiões menos assistidas do país e expôs o descaso e o despreparo do governo para atuar em situações de riscos reais.
Outro momento recebido com apatia, apesar do vigor e espontaneidade com que ocorreu, foi a expressão dos imigrantes que saíram às ruas para cobrar direitos. Essa enorme parcela da população norte-americana, que movimenta boa parte da economia do país, tornou-se uma das mais visadas e discriminadas desde o início do chamado “combate ao terrorismo”.
Também ficaram em segundo plano o impacto evidente das políticas neoliberais sobre os e as trabalhadoras norteamericanas, a aceleração das mudanças climáticas e a eminência de maiores tragêdias ambientais, câmbio climático, as reivindicação dos povos indígenas por seus direitos e as demandas de gênero, diversidade e sexualidade.
Em agosto deu-se o Fórum Social dos Estados Unidos e sua preparação tornou-se uma oportunidade de rearticulação dos movimentos populares e de reflexão sobre os temas escamoteados, que se expressaram em uma marcha como não se via ha bastante tempo.
Cindy explica que nesse processo e durante o Fórum as pessoas voltaram a falar de política anti-imperialista, o que já não faziam. O Fórum reuniu 12 mil pessoas de diversas partes dos EUA, de mais de 60 países e que se envolveram em 960 atividades. Essas pessoas estão sendo novamente chamadas a participar de encontros durante o 26 de Janeiro de 2008 e um dos mais aguardados é o que vai acontecer em Nova Orleans, local indicado para mais um Fórum norte-americano.
O próximo será em 2010 e participantes do primeiro querem alargar o processo dentro dos EUA. Mas para as pessoas que tiveram essa primeira experiência, já se trata da existência do processo FSM nos EUA e não de uma utopia.
“Nosso primeiro Fórum foi tão hesitoso que agora já somos parte desta história”, disse Cindy.