Em um lugar enfeitado de cores e contas

No passado as contas eram feitas de cascas de ovos de avestriz, marfins, argilas pintadas e transformadas em adornos, colares, pulseiras. As mulheres turkana, ao norte do Quênia, ostentavam adereços enormes e rebuscados, que acabaram sendo copiados e adaptados ao gosto do Ocidente, como ícones da estética africana. A maioria das tribos do país sempre usou o colorido e as texturas das contas, pedras e âmbares como parte da indumentária.

O povo Maasai, que nunca mudou o modo de vestir e manteve uma imagem de resistência cultural hoje explorada como um símbolo do Quênia, combina mosaicos e cordões de contas e miçangas com o vermelho vibrante de suas roupas.

O povo kikuio, que abraçou totalmente as novidades trazidas com o surgimento da cidade, em torno de uma estação de trem, e adaptou seus costumes e vestuário ao modo trazido pelos inglëses, também deixou sua contribuição para o artesanato das feiras públicas. “No passado as mulheres de minha tribo se cobriam de cores e enrolavam milhares de contas na cintura, no pescoço, ombros e cabeça, além de de grande brincos de argola”, conta a manicure Shirro.

Turbantes e panos coloridos das várias regiões do Quênia e rendondezas vibram nas ruas de Nairóbi, apesar do espaço perdido para as saias e camisas sizudas e sintéticas que escoam da China para as ruas comerciais e igrejas católicas, protestantes, evangélicas. “Não somos as mesmas pessoas de antes”, explica Shirro, sobre sua tribo. “Hoje gostamos da vida urbana, dos negócios e de ir à igreja.”

Para o turismo, os verdadeiros fetiches quenianos vão e vêm entre mercados públicos e feiras que se armam e desaparecem no final do dia. Não são mais compostos de cascas de ovos de avestruz ou chifres de elefantes, hoje melhor protegidos por leis ambientais, embora continuem alimentando um comércio mais caro.

As mãos ágeis de artesãos que aprendem o ofício já na infäncia incorporam quinquilharias industrializadas, como fios de nylon e fechos de metal, aos pedaços de ossos de animais, esculpidos, trabalhados com desenhos en tons de preto e marron, juntam pedras polidas às madeiras entalhadas e colares sem fim de âmbares e miçangas.

Diante do resultado, visitantes aprendem depressa a arte da barganha, um ritual de bons negócios, mas às vezes também um bom motivo para a atenção das organizações de comércio justo.

Essas bancas de adereços reluzentes se espalharam pela via circular do Estadio do Kasarani e tornaram a sede do FSM 2007 mais parecida com os mercados e e feiras de Nairóbi, um lugar enfeitado de cores e contas por todo lado.

Seguem algumas imagens:


Fotos: Rita Freire

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