A Declaração de Salvador

Imagem: Tela de Mônica Santana

“Nós, os participantes da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora – 2ª Ciad, reunidos em Salvador, de 12 a 14 de julho de 2006:

Recordando a 1ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora – 1ª Ciad, realizada em Dacar (Senegal), de 6 a 9 de outubro de 2004, sob o tema geral “A África no Século 21: Integração e Renascimento”;

Concordando em que o tema da 2ª Ciad, “A Diáspora e o Renascimento Africano”, agrega e enseja perfeita continuidade em relação à 1ª Ciad;

Reconhecendo a mportância da participação do Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que abriu os trabalhos da Conferência;

Expressando à Comissão da União Africana e ao Governo da República Federativa do Brasil seu apreço pela organização da 2ª Ciad, iniciativa que lança as bases para uma cooperação permanente entre a União Africana, principal organização do continente, e os países da Diáspora;

Destacando a riqueza dos debates ocorridos nas três mesas redondas e doze grupos temáticos;

Comunicamos que

– A crescente consciência de uma cidadania africana, com suas repercussões políticas, econômicas e culturais, e o entendimento dos Estados da África, reunidos em torno à União Africana, constituem elementos essenciais ao Renascimento Africano;

– A Diáspora africana, presente em todo o globo terrestre, representa parte fundamental do patrimônio cultural e político africano e mantém viva a consciência de suas origens;

– As comunidades de origem africana enfrentam dificuldades de variada natureza em seus países e um real encontro da Diáspora com suas raízes ancestrais tem papel fundamental na superação dessas dificuldades, podendo os Governos e a sociedade civil contribuir para as soluções por meio de uma maior consciência da cultural africana;

– O encontro de intelectuais, no contexto da Ciad, incentiva e contribui para a integração da Diáspora com suas origens ancestrais;

– O desenvolvimento da África será dinamizado por meio da contribuição da Diáspora Africana;

– A 1ª e 2ª Ciad se apresentam como relevantes mecanismos para a compreensão global do Renascimento Africano.

Declaramos que

– A 2ª Ciad realça a necessidade de que o diálogo entre os intelectuais africanos e da Diáspora seja mantido entre e após as reuniões;

– A União Africana deverá promover atividades da Diáspora como parte importante de seu organograma e reforçar e apoiar o Departamento da Sociedade Civil e das Relações com a Diáspora (Cido), responsável pelos contatos com as comunidades de origem africana em outros países;

– As comunidades africanas e os países da Diáspora devem apoiar o trabalho do Departamento, em particular, e da Iniciativa da União Africana para a Diáspora, em geral;

– A União Africana deverá estabelecer o Comitê de Coordenação de Intelectuais para auxiliar a Comissão da União Africana nos preparativos da 3ª Ciad.

– Na melhor tradição da investigação intelectual com responsabilidade social, aspiramos a trabalhar juntamente com o Comitê de Coordenação para promover a cooperação estratégica entre os intelectuais e autoridades governamentais na África e na Diáspora, por meio de mecanismo organizados e sustentáveis. Também buscaremos desenvolver modalidades para a coordenação da pesquisa, do ensino e do diálogo, bem como outras atividades de interesse estratégico, para dinamizar o Renascimento Africano e integrar essas atividades com aquelas da União Africana e outras iniciativas multilaterais.

– O Governo da República Federativa do Brasil, anfitrião da 2ª Ciad, e a União Africana deverão considerar a criação de um Centro Internacional da África e da Diáspora que, entre outras atribuições, funcionaria como um dos pontos de referência para ampliar a cooperação entre as organizações e instituições acadêmicas, intelectuais e artísticas africanas e da diáspora, promovendo reuniões setoriais, projetos científicos, seminários, manifestações artísticas e encontros de jovens, entre outras atividades, a fim de adensar e encorajar um pensamento africano mundial.

– A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) é convidada a incluir em seu programa e orçamento para o biênio 2008-2009, e para sua estratégia e médio prazo 2008-2013, o apoio a atividade de seguimento da 2ª Ciad e outras iniciativas que promovam o estreitamento dos laços entre a África e a Diáspora;

– A 2ª Ciad é um marco das estreitas relações entre os países africanos e os países da Diáspora e testemunho da crescente importância da África no mundo;

– A concretização do Renascimento Africano é elemento essencial para que o século XXI inicie uma era em que todos os povos e países tenham acesso à riqueza e à cultura, em pleno respeito da dignidade, dos direitos e dos valores das crianças, mulheres, idosos e homens de todas as etnias e crenças.”

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