As atividades autogestionadas são diversas e foram organizadas por coletivos que atuam na cena da mídia livre.
Para melhor entendimento das autogestionadas, os organizadores foram entrevistados sobre a organização, participação, impacto e perspectivas que estão projetando dentro do processo.
Neste texto, as entrevistas com organizadores das autogestionadas:
Rádio internacional Muzaiko: de todo canto pra todo canto
16/06 – 16h -18h – Sala 9
Rafael Henrique Zerbetto
Presidente da BEJO – Organização da Juventude Esperantista Brasileira, departamento jovem da TEJO
– Organização Mundial da Juventude esperantista. – Rádio Muzaiko/
Palestra: O Poder da Imagem – Reflexoes sobre Fotografia e Documentario + Exposicao Revolver
resumo_-_O_Poder_da_Imagem.doc“>Documento explicativo
16/06 – 16h – 18h – Auditório CPM
Vinicius Souza e Maria Eugenia Sa
Mediaquatro
Vozes Silenciadas: debate acerca da cobertura da mídia sobre o MST
17/06 – 14h – 16h – Sala 8
Mônica Mourão – Coletivo Intervozes
Mídia e Favela: comunicação e democracia da perspectiva dos espaços populares urbanos
17/06 – 14h – 16h – Sala 7
Thiago Ansel – Observatório de Favelas
Debate e mini-curso de utilização de recursos cinematográficos de baixo custo para os diversos movimentos sociais
17/06 – 16h – 18h – Sala 8
Larissa Viana – Aluna do Instituto Federal Fluminense – Laboratório de Cinema e militante da ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes – Livre).
A Influência do Marketing Político e da Mídia Televisiva no Processo Eleitoral Brasileiro
17/06 – 16h – 18h – Sala 6
Mário Sampaio – Grupo de Pesquisa Culturas, Cidades, Políticas e Fronteiras (CCPF) – Curso de Relações Internacionais – UFPel
Roda de conversa- Internet, sociedade e democracia: O uso das redes sociais como instrumento de resistência e representação dos movimentos de mulheres
17/06 – 16h – 18h – Sala 2
Nara Lima – Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa – UFV
Mídia Social, a verdadeira mídia: agindo como espelho do mundo
17/06 – 14h -16h – Sala 5
Sam Cyrous
TV social na web
17/06 – 14h – 16h – Auditório CPM
Luciana Burlamaqui, 41 anos, cineasta, documentarista e jornalista formada pela PUC-SP (92), voltada para a cobertura de temáticas sociais há vinte anos. Trabalhou como repórter na mídia impressa no Brasil (Folha de São Paulo, Agência Estado e Revista Quatro Rodas); correspondente do Jornal do Brasil e da Agência Estado em Nova York; foi repórter especial na investigação do livro “Rota 66 A História da Polícia que Mata” do jornalista Caco Barcellos, repórter de programas exibidos na TV Record, SBT (Goulart de Andrade), CNT, TV Cultura, TV Senac, Canal 21 e TV PUC-SP; câmera e editora nos Estados Unidos da Downtown Community Television Center (DCTV); produtora associada e coordenadora de produção da PBS/Channel 13 no departamento de programas e documentários educativos; ao longo de quatorze anos produtora e co-diretora de documentários produzidos pela produtora inglesa Television Trust for The Enviroment e pela produtora francesa Article Z, exibidos na BBC World e na TV ARTE (França). Produtora e diretora do documentário/longa-metragem Entre a Luz e a Sombra, lançado no cinema no Brasil em 2009, exibido em 15 países e 25 mostras e festivais dentro e fora do Brasil, premiado no 17º Festival de Cinema de Biarritz (out 2008) como melhor documentário eleito pelo público e com uma menção especial do Júri, premiado na 4ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul organizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, como melhor longa-metragem, eleito pelo público e premiado pelo júri como melhor documentário ibero-amerciano no 25o Festival de Cinema de Guadalajara em 2010.Tem artigos publicados sobre direitos humanos no Brasil no site Carta Maior.
Sócia-proprietária da produtora Zora Mídia criada em 2003 voltada para produção de documentários e longas-metragens focados em temáticas humanistas. E diretora da ONG Intituto Imagem Viva focada na produção e difusão de produções audiovisuais ligadas as temáticas sociais.
As entrevistas foram divididas em 3 blocos, no primeiro bloco, os orgnaizadores explicam a atividade, organização e público de interesse.
No segundo bloco uma perspectiva sobre a importância das mídias livres dentro da Cúpula dos povos e Rio +20 e o que se espera do II FMML.
O último bloco traz a estrutura da Cúpula dos Povos: Denuncia – Proposta – Agenda, sobre o que está errado na comunicação brasileira e mundial, propostas para democratizar a comunicação e possíveis agendas de ação para 2012 e 2013 envolvendo o tema.
_____________________BLOCO 1_____________________
Rafael Henrique Zerbetto –
A experiência da Muzaiko é muito singular, pois somos uma rádio internacional, mantida por um coletivo internacional espalhado por mais de 20 países em 3 continentes, e recebemos contribuições ocasionais de outras pessoas que não participam desse coletivo. Portanto, precisamos usar a internet para manter a rádio funcionando, organizamos reuniões via Skype e temos listas de e-mails e um wiki. Assim, considero que nossa experiência de gestão seria interessante para organizações internacionais ou espalhadas por grandes áreas, quando não há possibilidade de contato frequente entre os membros.
Além disso, nossa programação é toda na língua neutra internacional esperanto e nossos ouvintes são todos fluentes nessa língua. O esperanto é uma língua muito rica culturalmente, mas como seus falantes estão espalhados ao redor do planeta, a internet está se tornando o nosso principal espaço de convívio, daí a necessidade de uma rádio via internet que atinja todos os cantos do planeta e que possibilite a qualquer falante do esperanto a possibilidade de se expressar. Nossa rádio, iniciativa de jovens, se distingue das demais rádios esperantistas por ter muita música e programas variados, desde noticiários e reportagens sobre eventos (atualmente envio contribuições diárias sobre o que está acontecendo na Rio+20) até programas de humor e leitura de pequenos contos ou poemas, originais ou traduzidos. Portanto, somos uma rádio com conteúdo essencialmente cultural e que representa uma comunidade específica, que possui uma identidade que a une através de uma língua. Assim sendo, considero que povos tradicionais, culturas minoritárias, comunidades indígenas e quilombolas também poderiam aprender conosco sobre como compartilhar sua cultura através de novas mídias.
Vinicius Souza e Maria Eugenia –
A ideia é usar as paredes dos corredores da UFRJ para expor as fotos de modo a “levar” as pessoas para a palestra.
Eu farei a palestra, apresentada anteriormente em uma aula no Alterjor (Grupo de estudos em jornalismo popular e alternativo da ECA USP)
Certamente teremos a presença também do pessoal do SISEJUFE RJ (Sindicato dos servidores das justicas federais do Rio), cuja revista Ideias sempre publica materias nossas, alem de amigos do Rio.
Interessa a todos que consideram que a imprensa mundial (e especialmente a brasileira) é feita para 1% da populacao, aqueles que querem mudar esse padrão, estudantes de comunicação e fotografia.
Mônica Mourão –
A atividade terá o formato de um grupo de discussão para todos interessados em discutir mídia e movimentos sociais. Serão apresentados os resultados do relatório Vozes Silenciadas, que pesquisou a cobertura do MST pela grande mídia durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, em 2010. A partir daí, abre-se o debate para os participantes.
Quem organiza é o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, que fez o relatório com o apoio da Friedrich Ebert Stiftung e da Federação dos Radialistas (Fitert)
Thiago Ansel –
Apresentaremos os resultados do projeto Mídia e Favela, iniciativa do Observatório de Favelas, apoiada pela Fundação Ford, que no ano de 2011 mapeou veículos de comunicação alternativa em favelas e espaços populares na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Analisamos também a representação das favelas durante seis meses em três veículos da mídia corporativa. Após a apresentação faremos uma discussão com os participantes de onde esperamos que sejam tiradas propostas, com vistas a criação de políticas públicas de comunicação que levem em conta as demandas específicas dos territórios populares. Entendemos que o aperfeiçoamento da democracia, depende também da existência de uma pluralidade de vozes que seguramente inclui as favelas e espaços populares.
Esperamos comunicadores populares de dentro e de fora das favelas, estudantes e representantes de organizações que já atuam no campo da democratização da comunicação, pretendemos convidá-los a participar de uma rede de veículos e organizações que trabalhem com comunicação alternativa em favelas e espaços populares, pela democratização da comunicação no Rio de Janeiro. O primeiro grande objetivo dessa rede seria contribuir com os movimentos já existentes para a construção de um Conselho de Comunicação no estado.
Larissa Viana –
Como organizadores: Eu (Larissa Viana), e apoio de Olga Soares, ambas alunas do Instituto Federal Fluminense organizaremos da seguinte forma: em um primeiro momento, uma explicação do que são os recursos cinematográficos de baixo custo, e por que utiliza-los como ferramenta de mídia livre, em seguida a ideia é ensinar o público a utiliza-los, fazendo com que eles pratiquem inclusive a parte pratica, dentro do ambiente da FMML, e finalizando com um pequeno debate sobre a importância do cinema e do audiovisual como ferramenta de mídia livre dos movimentos sociais. É interessante para todos os movimentos sociais que sofrem com a censura da mídia privada, e os que não tem recursos financeiros para ter uma equipe cinematográfica profissional, dando lhes conhecimento para fazer mídia independente e de baixo custo.
Mario Sampaio –
A ideia da atividade é que seja livre e que favoreça a discussão como uma roda de conversa, sendo dividida em duas partes: uma parte expositiva seguida de debate, tentando reproduzir um modelo de desconferência a partir dos princípios de ‘Opening Space for Emerging Order’.
A atividade parte de um trabalho acadêmico (painel) que realizei sobre o assunto. Inicio a atividade abordando a forma como os grandes conglomerados de mídia do Brasil favorecem campanhas eleitorais e a forma como suas articulações definem esses pleitos (caso Collor). Falo da importância que grandes publicitários tiveram na construção de imagens de políticos (Lula, Dilma) e a relevância que isso teve nesses processos. Apresento dados (IBGE) da relação da TV com a eleição e sua influência.
Na última parte expositiva falo um pouco sobre democratização da comunicação e regulação da mídia.
A segunda parte da atividade será de discussão com intuito de construir propostas que levem a mudança do cenário que vivemos hoje.
Participarão da atividade integrantes do grupo de pesquisa que faço parte, GP Culturas, Cidades, Políticas e Fronteiras, estudantes do curso de Relações Internacionais e de outros cursos da UFPel. A Doutora em História na área de Política, Memória e Cidade, pela Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP e atualmente Professora Adjunta da Universidade Federal de Pelotas/UFPel do curso de Relações Internacionais – Maria de Fátima Bento Ribeiro.
Será um espaço de debate sobre comunicação, de denúncia dos oligopólios midiáticos, que perpetuam cada vez mais as estruturas políticas corruptas que são os grandes causadores estruturais das crises, portanto, será um espaço para estudantes, jornalistas, professores, ativistas e políticos que sonham com um mundo menos desigual, democrático e com liberdade de imprensa e expressão.
Nara Lima –
A atividade será organizada seguido um “guia” de questões referentes a representação da mulher na mídia e ao uso das redes sociais pelos movimentos de mulheres. Será discutida, também a questão da marcha das vadias, sobre o movimento no facebook e sobre a censura nesta rede. O grande objetivo da roda é trazer uma reflexão sobre mídia e sociedade!
Participará quem tiver algum interesse e quiser contribuir no debate sobre o tema,sejam coletivos ,organizações etc…
A atividade é uma roda de conversa,portanto espero que seja bem dialógico para que realmente exista reflexão e debate sobre o tema.Eu não pretendo ensinar nada, nem levar uma teoria e uma idéia pronta, pretendo aprender também, ao longo do debate.
Sam Cyrous –
Um tema assim deve interessar a todos aqueles que são usuários de internet e que utilizam-na para demonstrar as suas opiniões e compartilhar ideias que merecem ser, por um ou outro motivo, difundidas. Mas também para todos aqueles que utilizam a internet sem saber porque, que utilizam sem lhe atribuir um sentido, só por usar, podem descobrir como ela é uma ferramente que pode mudar o mundo.
Luciana Burlamaqui –
Vamos apresentar o projeto de criação de um Canal de TV na WEB que dê voz aos movimentos sociais e tenha o conceito global da sustentabilidade como sua base. O Canal tem o nome provisório de Canal Social Livre. A idéia é que ele seja o ponto de encontro dos movimentos sociais para trocas de experiências para construção de um mundo mais justo e solidário.
O projeto está sendo criado pela ONG Instituto Imagem Viva em parceria com a produtora Zora Mídia com o apoio da Rede Nossa São Paulo e com uma equipe de jornalistas, cineastas, ativistas políticos e artistas de diferentes áreas.
A atividade será voltada para qualquer pessoa ou entidade que trabalhe com interesse no bem comum. Queremos ouvir contribuições de todos para a construção do projeto da TV, desde conteúdo até a formação de redes e intercâmbio de material audiovisual produzido por outras pessoas e organizações. E também buscamos fundações que têm interesse em apoiar iniciativas como esta.
__________________________BLOCO 2__________________________
Rafael Henrique Zerbetto –
Considero as mídias livres essenciais para que tenhamos uma comunicação verdadeiramente democrática, pois a grande mídia está comprometida com governos e corporações, enquanto as mídias livres são iniciativas sociais independentes, que nos mostram aquilo que os poderosos desejam esconder. Os governos e as grandes corporações têm medo da sociedade civil organizada, e quanto melhor nos organizarmos mais força teremos para lutar por um mundo sustentável que possamos deixar de herança às futuras gerações. Assim sendo, é muito importante a cobertura das mídias livres nestes eventos para que a sociedade possa conhecer aquilo que os governos desejam esconder.
Além disso, a cobertura das mídias livres poderá dar enfoques muito diferentes ao que está acontecendo na Rio+20 e na Cúpula dos Povos, pois cada um tem uma visão específica do que acontece e estará enfatizando um ponto de vista específico (a Muzaiko, por exemplo, enfatizará temas ligados à preservação de línguas e culturas, direito linguístico e comunicação internacional, bem como cobre as ações e conquistas do movimento esperantista internacional nos eventos ligados à Rio+20, como a Cúpula dos Povos e o FMML), resultando em uma pluralidade de visões e opiniões que estimula as pessoas a refletirem, e a reflexão é a base de uma sociedade democrática.
Vinicius Souza e Maria Eugenia –
O papel das mídias livres é realizar uma cobertura diferente da Grande Midia, trazendo a tona nao somente os aspectos economicos das mudancas climaticas, mas especialmente os ambientes em transformacao nas mentalidades, acoes e grupos que lutam por um mundo mais justo e saudavel para todos. Lutar pelo Marco Regulario das comunicações e pelas propostas debatidas na Confecom e que se encontram escondidas em alguma gaveta do governo. E mostrar que uma outra midia é possivel, uma midia que ultrapasse a atual posição de disputa na blogosfera para disputar espaços também nas midias convecionais.
Sou jornalista independente, pesquisador e fotografo. Certamente irei cobrir o FMML para plataformas como a propria Ciranda e o CMI. Talvez faça alguma matéria para a revista Ideias (do SISEJUFE RJ)
Mônica Mourão
A midia livre possibilitará uma cobertura diversa e plural, com pontos de vista diferentes dos da mídia comercial.
Sou associada do Coletivo Intervozes, que irá fazer a cobertura pelo site Observatório do Direito à Comunicação
Espero que o FMML fortaleça e mobilize a sociedade civil em torno do direito humano à comunicação e de um novo marco regulatório para o setor, com pluralidade de vozes e ideias.
Thiago Ansel
Creio que multiplicar o alcance dos debates promovidos pela sociedade civil mundial. Há na grande mídia um discurso bastante celebratório em relação ao encontro dos líderes mundial na conferência oficial. Creio que as mídias livres devem insistir em apontar a responsabilidade das grandes corporações transnacionais nas crises socioambientais, pois esta me parece uma oportunidade e tanto para mostrar que o atual modelo de desenvolvimento é o responsável pela destruição e miséria em boa parte do planeta e não o salvador do meio-ambiente como faz parecer o discurso da mídia corporativa. As mídias livres tem ainda que deixar nítido o sentido, tanto da Rio + 20, quanto da Cúpula dos Povos. Isto é, dizer para que estes encontros servem e o que está em jogo. Parece óbvio, mas acredito que fora dos círculos de iniciados na temática – e essa não é uma referência pejorativa — muita gente tem apenas ideia dos debates travados nestes dois momentos, sem fazer a conexão entre o que será decidido e os impactos imediatos destas decisões em nossa vida prática. Precisamos recapitular sobre o que significam estes dois encontros quantas vezes for necessário.
Participo da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc) do Observatório. Nela, jovens de favelas e periferias tem a oportunidade cobrir a Rio + 20 e a Cúpula, produzindo relatos a partir de suas próprias perspectivas. Nós aqui do Observatório também cobriremos nossa própria ação da Cúpula, a qual se dará em dois dias e em dois diferentes territórios, Maré e Complexo do Alemão
Não nos satisfaçamos em vociferar contra as práticas criminosas da mídia corporativa. Isso quase todos que estarão lá já sabem. Embora seja importante contextualizar os debates do FMML, esta é só uma etapa do que acredito que seja a missão do evento. Ficaria bem feliz se pudéssemos criar estratégias, sobretudo, estratégias que pudessem encarar os pobres como sujeitos políticos na luta pela democratização da comunicação e não como massas embotadas pelo poder da grande mídia.
( Larissa Viana –
Acho de fundamental importância, visto a censura velada que vivemos na mídia privada da atualidade, os movimentos sociais não tem voz na imprensa, e a mídia livre tem sido ferramenta chave para “derrubar” essa censura. E a presença da mesma na Cúpula dos Povos e na Rio +20, vai estimular o aumento de organizações, coletivos e pessoas, a utilizando, dando cada vez mais acesso a informações reais e importantes a toda a população. Farei cobertura apenas para acervo próprio e para a instituição que estudo, Instituto Federal Fluminense (IFF).
Espero que o FMML seja um vulcão de trocas de ideias e conhecimentos! Que possamos evoluir e fortalecer quanto mídia livre.
Mario Sampaio –
O papel das mídias livres é fundamental, uma vez que não servem aos interesses das grandes corporações da aristocracia, mas fazem parte dos movimentos sociais, culturais, acadêmicos, de luta (…) que compõem a Cúpula dos Povos, terão a missão de propagar as posições da sociedade civil que se propuserem como alternativas as negociações desenvolvidas pelos chefes de Estado na Rio+20 que sejam contrárias ou ineficazes para o desenvolvimento sustentável, políticas internacionais igualitárias e cidadania.
Espero que as discussões desenvolvidas ao longo do Fórum consigam trazer propostas relevantes para as mudanças das políticas públicas, que traga mais voz as demandas dos povos como direito a comunicação e apropriação tecnológica. Que traga avanços na dissociação entre mídia e conglomerados de poder, impossibilitando a mercantilização da mídia e consolidação das estruturas de corrupção que agravam a desigualdade social e degradação do planeta.
Sam H. Cyrous
As mídias livres, tal como toda a sociedade civil, tem um papel e um papel apenas: demonstrar que a resolução dos problemas sociais do mundo apenas ocorrerão mediante a participação universal, de todos os membros da socidade humana — mulheres e homens, negros e brancos, do norte e do sul, dos mais jovens e dos mais velhos, daqueles das urbes e das zonas rurais —, e que só mediante uma unidade participativa de todos os elementos da sociedade é que poderemos realmente saber o que está acontecendo no mundo e, a partir daí, mudá-lo.
Se considerarmos facebook, jornalismo religioso ou pequenos jornais podemos dizer que sim. Estou oficiosamente representando o Diário da Manhã de Goiânia, o qual tem um forte segmento que podemos chamar de “popular”, cujo objetivo é termos cada vez uma maior democratização nos meios de comunicação social e, talvez assim, passarmos a ter os jornais como espelho do mundo.
Luciana Burlamaqui –
Quando se fala em mídia, se fala em poder. E o poder não pode estar nas mãos de poucos, já que a mídia lida com a seleção do que se informa e como se informa. Dentro dos conceitos da política contemporânea mundial, os meios de comunicação, principalmente audiovisuais, são descritos como instrumentos em potencial de reconstrução de novas sociedades, novos paradigmas e fomentadores de uma identidade cultural. São eles os novos propulsores de movimentos de mobilização para reformular e reinventar outros caminhos políticos de atuação local e global. A mídia tem interesses que influenciam fortemente a formação da identidade de uma nação e de seus valores. Por tudo isso, ela precisa ser democratizada e livre. A internet é hoje esta janela para o mundo que permite que cada indivíduo monte seu próprio canal de TV e dê voz aos seus pensamentos e traga novos olhares sobre o seu entorno, novos ângulos e histórias. Acredito que a troca de experiência com quem está trabalhando com a mídia alternativa dentro e fora do Brasil é um dos pontos fortes da Cúpula dos Povos. Essas mídias precisam se unir e formar redes que, efetivamente, atuem junto e libertem o mundo de olhares robotizados seja no seu formato, abordagem e/ou contéudo.
No FMML vamos entrar em contato com a mídia livre brasileira e mundial e fazer parcerias para o projeto. O Canal Social Livre pretende formar e interligar redes dentro e fora do Brasil que trabalham com informações e produções audiovisuais voltadas para o bem comum, para a transformação do ser humano e sua evolução. Queremos trabalhar globalmente em temas que afetam o indivíduo e o planeta para construção de um mundo mais solidário.
_____________________BLOCO 3_____________________
Rafael Henrique Zerbetto –
A comunição brasileira via TV ou rádio é extremamente restrita a poucos grupos, muitas vezes pertencentes a políticos, o que facilita a manipulação da opinião pública a partir de visões unilaterais ou desvia a atenção popular para longe daquilo que realmente importa. A grande mídia, de um modo geral, tanto no Brasil quanto no exterior, fatura milhões com anúncios de grandes corporações e busca favores políticos para aumentar seus lucros.
Justamente o que a sociedade está fazendo: criando mídias livres e transformando a internet em um grande espaço de discussão acerca de temas inconvenientes para os governantes e para as grandes empresas. Por isso mesmo estão querendo censurar a internet, assim como censuram as rádios comunitárias e outras iniciativas similares, mas os movimentos sociais estão ficando mais fortes e sempre encontrarão uma maneira de quebrar barreiras, pois entramos na era digital, e nela o controle e a manipulação da informação são praticamente impossíveis.
Para democratizar a comunicação não podemos esquecer que ela se baseia na linguagem, e que a língua é a principal forma de expressão humana. Assim, é necessário que haja políticas linguísticas efetivas para promover e preservar a diversidade cultural, já que a cada duas semanas uma língua desaparece no mundo, levando consigo uma herança cultural centenária e toda uma relação complexa e diversificada entre linguagem e meio-ambiente. É necessário enfatizar que há pesquisas que comprovam que pessoas alfabetizadas em sua língua materna absorvem melhor o conhecimento escolar pós-alfabetização, portanto os governos deveriam garantir a todos o direito de ser alfabetizados em sua própria língua. Além disso, comunidades tradicionais possuem uma relação sustentável com o ambiente em que vivem, e quando perdem suas línguas, essa relação também se perde. Se queremos um mundo sustentável, que tal aprendermos com nossas comunidades indígenas e quilombolas ao invés de inferiorizá-las simplesmente por terem um modo de vida diferente do nosso?
No campo da comunicação internacional, prefiro relatar minha experiência com o Youth Blast, encontro do Grupo de Interesse da ONU para Infãncia e Juventude, que terminou hoje. Neste evento, em sua primeira etapa, só para brasileiros, nossas propostas em favor do esperanto para a comunicação internacional foram mal recebidas pela maioria das pessoas, outras se interessavam pela idéia como algo exótico, distante, e poucas realmente se interessaram. Nossas propostas ligadas à preservação da diversidade cultural foram bem mais aceitas, talvez por não se confrontarem diretamente com opiniões pré-concebidas a respeito da comunicação mundial:cansei de ouvir que o inglês é e sempre será a língua internacional, mesmo de pessoas que não sabiam inglês. Não seria isso influência da mídia e da propaganda?
Chegou o evento internacional e muitos brasileiros deixaram de participar quando perceberam que não entendiam inglês. Além disso, chegaram muitos estrangeiros falantes de outras línguas, a maioria falantes de espanhol. O caos linguístico se instaurou e todos viram como a barreira linguística exclui pessoas desses processos decisórios. Nesse contexto, nossas idéias foram muito melhor recebidas e os estrangeiros se interessaram muito pelo esperanto. Tenho a felicidade de conhecer diversas línguas e me comuniquei, embora nem sempre sem dificuldade, com todas as pessoas que quis, mas e quanto à maioria das pessoas? Podemos culpá-las por não terem tido a oportunidade de aprender uma língua estrangeira, uma vez que os cursos de idiomas sao caros e demora-se anos para adquirir fluência em uma língua? os mais endinheirados fazem intercâmbio no exterior para só então dominar com perfeição o idioma estrangeiro, enquanto o esperanto é falado fluentemente por pessoas que jamais saírram de seus países. Tenho um amigo peruano que não sabe falar inglês e em muitas situações se sentiu excluído por causa disso. Ele tem grandes idéias, mas perdeu grandes oportunidades de dividi-las com outras pessoas por não saber outra língua. O mesmo se passou com muitos brasileiros e pessoas de outras nacionalidades. Ainda há dúvida de que necessitamos de uma segunda língua para todos os povos, politicamente neutra e de fácil aprendizado, que qualquer um pode aprender de maneira autodidata? Essa língua existe e com ela me comunico com pessoas de todos os continentes sem precisar de tradutor. Aliás, os congressos mundiais de esperanto, como os dois nos quais participarei no Vietnã em julho e agosto (mais detalhes no meu blog) reúnem gente de todos os continentes e todos se comunicam muito bem, tanto è que às vezes estamos com um estrangeiros sem conseguir identificar sua nacionalidade pelo sotaque, modo de falar ou vícios de linguagem. Além disso, conversar é mais do que simplesmente trocar palavras: há trocas de olhares, gestas, expressões faciais… e isso os tradutores não conseguem reproduzir.
Vinicius Souza e Maria Eugenia
As comunicações, tanto no Brasil como no mundo, seguem os fluxos de informacoes produzidos pelas grandes agências ocidentais de notícias (como a Reuters, a CNN, BBC, e aqui Folhas, Globo…) Com isso, as noticias (e imagens) são todas iguais e refletem apenas os interesses de uma parcela muito pequena da população. A comunicação precisa ser democratizada!
Incentivar a producao jornalistica independente, no minimo, da mesma forma que se incentiva hoje a producao cultural independente. e, assim como na produção cultural, é fundamental criar meios de divulgação e exibição dessas produções jornalisticas. Isso poderia ser feito, por exemplo, nas TVs públicas, que precisam ser reforçadas. Mas também, porque não?, em revistas e jornais públicos. E preciso, ainda, distribuir as verbas de publicidade do governo e estatais em midias alternativas do mainstream, mas para isso já existem grupos como a Altercom lutando.
O FMML é um momento fundamental. Teremos no segundo semestre um Forum Palestina Livre em que acho fundamental apresentar a luta pela hegemonia na comunicação entre palestinos e israelenses, além da divulgacao de outras realidades semelhantes escondidas pela midia como a luta pela autodeterminação dos povos Caxemir, Curdo, Raizal, Cigano, etc, que nao conseguem nem mesmo a visibilidade da luta palestina.
Mônica Mourão –
A comunicação brasileira carece tanto do cumprimento das leis existentes e da regulamentação do que está previsto no capítulo V da Constituição Federal quanto de uma atualização da legislação. O Código Brasileiro de Telecomunicações, por exemplo, data de 1962 e está longe de cumprir o papel de garantir diversidade na mídia e precisa ser atualizado à luz das mudanças tecnológicas que se desenrolaram desde então
É preciso aprovar um novo marco regulatório para a comunicação, cobrando do governo que o coloque em discussão conforme prometido.
A maior campanha e o maior desafio será conseguir que o governo coloque em discussão com a sociedade civil o novo marco regulatório da comunicação. A campanha por uma nova legislação será discutida na Cúpula dos Povos:
Data – 15 de junho de 2012
Horário – 14h às 16h
Local – Tenda 28 – Patrick Lumumba.Território da Cúpula dos Povos, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro
Larissa Viana –
A comunicação brasileira esta totalmente vendida ao governo e as grandes empresas, existe uma censura velada, que precisa urgentemente acabar. Exemplo claro, é a atual greve dos servidores das universidades e institutos federais que até agora nada foi noticiado, em quanto a todo momento noticia sobre a saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo.
Precisamos de uma politica de imprensa que impeça qualquer tipo de compra e censura, para que isso para de ocorrer hoje, e não volte a ocorrer no futuro. Para tal, é necessário que se abra um GD (grupo de discussão) de imprensa com forte participação da mídia livre, para que discuta e proponha uma politica nacional de imprensa que seja eficaz conta a as diversas formas de censura.
Em todo momento, acredito que mídia, não tem hora ou local marcado, a todo momento presenciamos crimes, ações de preconceito, agressões, injustiças, e isto precisa ser mostrado, assim como também toda forma de manifestação da população contra tais atos, conquistaremos nosso espaço todos os dias, com informações de verdade. E eventos como o FMML servem para fortalecer ainda mais essa luta.
Mario Sampaio –
Os oligopólios midiáticos e a propriedade cruzada dos meios de comunicação, a desregulamentação da lei penal contra crimes na internet e jornalismo marrom.
É necessário que se discuta (e implemente) reformas institucionais que abordem uma lei de imprensa. Que se crie uma real regulação do poder público sobre a distribuição de concessões de rádio e televisão e suas relações com os governos, uma regulação do setor privado que impeça a concentração de propriedades midiáticas por grupos de interesses privados e iniba a manipulação da informação.
É essencial que se responsabilize criminalmente toda a tentativa de distorção e deturpação da informação assim como obtenção, transferência ou fornecimento não autorizado de dado ou informação, estelionatos eletrônicos, danos e falsificação.
Nara Lima –
A mídia “capitalista”,digamos assim, tem compromisso com o mercado e com reprodução da cultura dominante.As mídias livres ,por outro lado tem como papel produzir uma nova cultura em oposição à dominante,tendo dessa forma um compromisso com a democracia!
Sam Cyrous –
Muita coisa, mas a maioria é lugar-comum. As verdadeiras questões estão no facto de as mídias não mostrarem o mundo como ele realmente é e flitrarem aquelas informações que mais vendem — quem vende? porquê vende? Será que um ativista de direitos humanos consegue vender tanto quanto uma cantora contratada para um anúncio? Um nobel influencia mais à massa ou um jogador de futebol? Quem fala da mídia fala de outros campos nos quais estatísticas definem quem, como e quando deve agir, e não o bom senso. A mídia não deve influenciar ao consumismo insustentado, mas influenciar a vontade de querermos criar um mundo melhor e não sustentável, mas auto-sustentável por todos nós.
O mesmo que precisamos para democratizar realmente o mundo. Repensarmos a forma de relacionamento e de tomada de decisão. Ao invés de serem de cima para baixo serem de baixo para cima. O que elegeu o Obama, entre outras coisas, foi a sua participação e presença na mídia popular, na qual todos os que assim desejaram puderam dar um pouco de si e das suas ideias. A verdadeira mídia, assim como a verdadeira governança, ocorrerá quando estivermos atentos ao que as minorias pensam (jovens, idosos, migrantes, etc.) e quando os status quo tiver a humildade de querer viver numa cultura de aprendizagem, na qual também aprende ao invés de apenas querer ensinar e “mostrar o caminho” aos demais.
Em 1844 quando chumbo derretido era derramado goela abaixo de um grupo minoritário no Irã (os bábís) não havia internet. Cem anos depois quando judeus e ciganos eram enviados a campos de concentração não havia internet. Nos últimos 2 anos vimos como a internet permite que o que acontece numa ponto do mundo seja vista na outra, e possa haver intervenção internacional (dos corpos governamentais e das populações mundiais). Blogs no Irã, Youtube no norte da África, Twitter na primavera árabe, Facebook… e por aí vamos… O mundo está cada vez mais capacitado, graças às mídias sociais a desvendar os seus problemas e, quem sabe, com a ajuda de todos, encontrar soluções.
Luciana Burlamaqui –
Sobre a comunicação brasileria e aí me refiro às TVs, estamos vivendo uma falência de valores. Para citar apenas alguns pontos, há uma enorme banalização da violência e da sexualidade que é altamente explorada pela TV. Os valores foram invertidos e há diferentes estudos que demonstram que existe uma retroalimentação da violência entre a forma como ela é retratada e o que essa exposição provoca no indivíduo. Jovens que entraram na violência explicitam isso o tempo todo e afirmam que a forma como a violência é mostrada na televisão brasileira seja em telejornais, programas de auditório ou telenovelas, por exemplo, os motiva a permanecerem no caminho do crime.
Além disso, o modelo de TV aberta comercial hoje incita ao desejo do consumo compulsivo daquilo que a maioria não tem possibilidade de comprar criando e fortalecendo um ciclo vicioso na cadeia da violência urbana. A programação também colabora para a inversão dos valores daquilo que deveria ser mais importante para o indivíduo, prevalecendo a cultura do individualismo, da eliminação do outro, da fama e da exposição instantânea. Essa é uma tendência mundial, mas há TVs públicas na França, Inglaterra, Estados Unidos, Chile, por exemplo, que fogem a essa regra. Aqui a TV pública está infelizmente em movimento de decadência na falta de originalidade da criação de formatos que atraiam a população.
Precisamos de TVs com formatos populares e conteúdo público. TVs que comuniquem com carisma sem necessidade de apelação. Isto é possível. Essa é a idéia do Canal Social Livre. Acho que cada um pode, de algum jeito, se organizar em rede e criar esses canais na WEB. Hoje no Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas têm acesso a internet e já é possível inclusive assistir esse conteúdo na TV. O futuro da comunicação livre é a internet e o futuro da TV é deixar de ser um eletrodoméstico estático em casa e migrar para os tablets, celulares e outros tipos de aparelhos portáteis. A WEB hoje é livre e a tendência é que este espaço seja ocupado cada dia mais, como já vem acontencendo e testemunhamos, recentemente, na chamada “Primavera Árabe”. A mídia livre precisa se unir e se integrar: tv, web, radio etc.
Mobilizações pela qualidade das TVs públicas e comerciais no Brasil e formação de redes para fortalecer a criação e a atuação de todas as mídias alternativas, inclusive com editais públicos específicos de apoio a estes movimentos. Democratização da mídia.
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Nos vemos no Rio!