There is a consensus among paleontologist and anthropologist that the humanization adventure began in Africa, nearly seven million years ago. It proceeded rapidly, from Homo habilis, erectus, and Neanderthal, up to homo sapiens, nearly one hundred thousand years ago. From Africa, it spread to Asia, some sixty thousand years ago: to Europe, about forty thousand years ago; and to the Americas, thirty thousand years ago.
Africa is not just the place of the origin. It is the primordial archetype, the source of the markers imprinted in the human soul, still present today, as indelible information, very much like that inscribed in our genetic code. It was in Africa where the human being worked out its first sensations, where the growing neuronal connections (cerebral) were articulated, where the first thoughts shone, where juvenility was strengthened (a process similar to youth, that shows plasticity and learning capacity), and the social complexity emerged that allowed language and culture to appear. Today the spirit of Africa is alive, and present, in every human being.
I see three principal aspects of the spirit of Africa that could be truly therapeutic in our world crisis.
The first is Mother Earth. Scattering throughout the vast African space, our ancestors entered into a profound communion with the Earth, feeling the interconnection that all things have among themselves. Even as victims of colonialist exploitation, present day Africans have not lost the maternal feeling of the Earth, so well represented by Wangari Kenyan, Mathai, winner of the Nobel Peace prize for planting millions of trees, thereby returning vitality to the Earth. We need to take back this spirit of the Earth to save Gaia, our Mother and our sole common House.
The second aspect is what anthropologist call relational matrix. Africans use the word ubuntu, meaning the energy that connects all and forms the community of humans. That is to say, I make myself human through my connections with life, nature, the others and with the Divine. What quantum physics and the new cosmology teach about the interdependency of all with all is an evident reality in the African spirit. To that community belong the dead. The dead do not go to heaven. They remain among the people as counselors and guardians of the sacred traditions.
The third aspect is the ritual. Important experiences of personal, social and seasonal life are celebrated with rites, dances, music, and displays of masks, carriers of cosmic energy. It is in the ritual dances that the negative and positive forces are balanced and the sense of life is deepened.
If we reincorporate the spirit of Africa, the crisis need not become a tragedy. [pt_br]
Sempre que entram em crise, as civilizações começam a olhar para o seu passado, buscando inspiração para o futuro. Hoje estamos no coração de uma fenomenal crise planetária que afeta todas as civilizações. Ela pode significar um salto rumo a uma estado superior da hominização bem como uma tragédia ameaçadora para toda a nossa espécie. Num momento assim radical, não é sem interesse sondar as nossas raízes mais ancestrais e aquele começo seminal em que deixamos de ser primatas e passamos a ser humanos. Aqui deve haver lições que nos podem ser muito úteis.Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África, cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neandertalense até chegar ao homo sapiens cerca de cem mil anos atrás. Da África ele se propagou para a Asia, há sessenta mil anos, para a Europa, há quarenta mil anos e para as Américas há trinta mil anos.
A África não é apenas o lugar geográfico das origens. É o arquétipo primal, o conjunto das marcas, impressas na alma do ser humano, presentes ainda hoje como informações indeléveis à semelhança daquelas inscritas em nosso código genético. Foi na África que o ser humano elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, se fortaleceu a juvenilização (processo semelhante ao de um jovem que mostra plasticidade e capaz de aprendizagem) e emergiu a complexidade social que permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. Há um espírito da África, presente em cada um dos seres humanos.
Vejo três eixos principais do espírito da África que podem significar verdadeira terapia para a nossa crise global.
O primeiro é a Mãe Terra. Espalhando-se pelos vastos espaços Africanos, nossos ancestrais entraram em profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si. Mesmo vítimas da exploração colonialista, os atuais Africanos não perderam esse sentido materno da Terra, tão bem representado pela keniana Wangari Mathai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por plantar milhões de árvores e devolver assim vitalidade à Terra. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum.
O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os Africanos usam a palavra ubuntu que singifica a força que conecta a todos, formando a comunidade dos humanos. Quer dizer, eu me faço humano através do conjunto das conexões com a vida, a natureza, os outros e o Divino. O que a física quântica e a nova cosmologia ensinam acerca de interdependência de todos com todos é uma evidência para o espírito Áfricano. À essa comunidade pertencem os mortos. Eles não vão ao céu. Ficam no meio do povo como conselheiros e guardiães das tradições sagradas.
O terceiro eixo são os rituais. Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados com ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras, portadoras de energia cósmica. É nos rituais que as forças negataivas e positivas se equilibram e se aprofunda o sentido da vida.
Se reincorporarmos o espírito da África, a crise não precisará ser uma tragédia