O dia 16 de junho é uma data que desperta sentimentos de indignação e tristeza no povo sul-africano. Há exatos 34 anos ocorria o Massacre de Soweto, mais um legado nefando do Apartheid, no qual estudantes e negros do bairro de Soweto foram mortos pela polícia por protestar contra a baixa qualidade da educação oferecida aos negros e contra as arbitrariedades do regime segregacionista.
Em 16 de junho de 1976, aproximadamente 10.000 estudantes negros do bairro de Soweto faziam um protesto pacífico contra as salas de aula superlotadas, a obrigatoriedade de ensino do africander (idioma dos colonizadores e, tradicionalmente, utilizado pelos brancos), a inaptidão dos professores, a falta de qualidade das universidades e, naturalmente, a discriminação que os negros sofriam.
O protesto era pacífico, até que os policiais assassinaram o jovem Hector Peterson, de apenas 13 anos. Os manifestantes responderam atirando pedras e o tumulto começou. A polícia agiu com crueldade ímpar e matou mais de 500 estudantes, além de destruir casas do bairro. Nos dias seguintes ao massacre, as forças de repressão do Estado mantiveram sua intolerância e recrudesceram sua violência com os negros.
Após 1994, quatro anos depois de o regime ter terminado e ano no qual Nelson Mandela assumiu a presidência do país, o dia 16 de junho passou a ser um símbolo da luta contra o preconceito racial, foi transformado em feriado e é lembrado como o “Dia da Juventude”.
Fim da discriminação? No papel sim, na prática não. A questão ainda é muito arraigada na cultura sul-africana, provocando muita mágoa e dor no país: “Infelizmente ainda existe o preconceito de brancos com negros e de negros com brancos”, disse ao Lance! O sul-africano de ascendência inglesa, Isle Faurie.