A ser verdade o documentário que vai ao ar neste primeiro domingo de outubro, pela BBC, a Igreja Católica deliberadamente encobria a prática da pedofilia em suas paróquias, ao ameaçar de excomunhão qualquer pessoa que rompesse o sigilo sobre o crime praticado, a começar pela vítima e familiares. De acordo com o documentário “Sexo, Crimes e Vaticano”, as pessoas envolvidas seriam obrigadas a prestar juramento de manter o caso em segredo.
A orientação viria de um texto de 1962, escrito em latim e distribuido aos bisbos católicos, também com o dever de sigilo. Um dos cardeais encarregados de zelar pelo documento teria sido, por duas décadas, o cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI
A reportagem de Colm O’Gorman, ele mesmo estuprado por um padre aos 14 anos, apresenta vários casos de abusos e demonstrações de tolerância por parte da Igreja – a exemplo do padre Joseph Henn, acusado nos Estados Unidos de abusar de 13 crianças a atualmente vivendo no Vaticano.
Crimen Solicitationis
O documento analisado pela BBC já tem sido utilizado como argumento em tribunais contra padres acusados de pedofilia desde 2002, quando tornou-se conhecido pela primeira vez. Até então o sigilo era protegido pela Congregação para a Doutrina da Fé, antigo Santo Ofício da Igreja Católica.
O documento era igualmente rigoroso ao instruir sobre como agir em denúncias de envolvimento homossexual. A excomunhão pela queda de sigilo, em qualquer dos casos, só poderia ser revogada pelo Papa.
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