Para onde vão as abelhas?

Para onde vão? Por que? Não se sabe.

O que se sabe é que as abelhas estão desaparecendo. O fenômeno, já considerado uma epidemia, foi batizado como ”Problema do Colapso das Colônias” (CCD – Colony Collapse Disorder, em inglês).

O fato é que o tema entrou em debate no Congresso norte-americano, já que nos EUA houve uma redução de cerca de 25% das colônias, e não tardará a surtir efeitos no resto do mundo.

Aparentemente, as abelhas parecem ser interessantes por produzirem mel. Mas a questão é bem mais complexa. Esses animais são extremamente importantes por realizarem a polinização de diversas espécies de interesse comercial.

A polinização é o processo pelo qual há transferência de grãos de pólen entre as flores de uma mesma espécie, possibilitando o encontro entre os gametas masculino e feminino, ou seja, a fecundação. No caso das espécies que produzem frutos, este processo ocorre, principalmente, através dos chamados ‘agentes polinizadores’.

Plantações inteiras poderão ser comprometidas num futuro muito próximo, já que várias espécies vegetais correm o risco de não se reproduzirem pela falta de um dos agentes polinizadores mais importantes, as abelhas.

“Diminuição a oferta de alimentos = aumento da demanda = diminuição da oferta = aumento dos preços…”

Uma lógica simplista, mas que afetará o mundo todo muito em breve.

O CCD

O fenômeno, registrado nos EUA e em, pelo menos, seis países europeus vem sendo relatado desde o ano passado.

Em alguns casos, colméias foram encontradas desertas ou com pouquíssimos indivíduos imaturos e a rainha. Em outras, apenas a abelha rainha foi encontrada; ou seja, todos os outros indivíduos abandonaram e migraram definitivamente, ou simplesmente morreram bem distante de seus locais de origem.

Um outro fato curioso é o relato de que espécies oportunistas, que normalmente ocupariam o espaço deixado pelas desaparecidas, simplesmente ignoram os mesmos. Além disto, animais que buscam pólen, própolis e mel não fazem uso de tais recursos quando se trata de colméias abandonadas!

Somente na costa oeste dos EUA, onde os relatos são mais freqüentes, perdeu-se cerca de 60% das populações comerciais (honey bees), e 70% na costa leste; Há quem diga que na verdade esses números ultrapassam os 80%.

Especulações sobre as causas do CCD

Muito se tem falado sobre a possibilidade de telefones móveis estarem entre os principais responsáveis pelo fenômeno. Os celulares emitem radiações eletromagnéticas que poderiam impactar, de alguma forma, o comportamento ou, até mesmo, a saúde das abelhas.

O pesquisador Dr. Jochen Kuhn, da Universidade Landau, descobriu recentemente, através de seus experimentos, que algumas abelhas tendem a evitar zonas onde há radiações oriundas da utilização de celulares. Mas, o fato dos animais “evitarem” tais áreas não desvenda o mistério do desaparecimento total.

Outros fatores presentes em matérias especulativas relacionam o CCD a pesticidas (inseticidas e herbicidas), mudanças climáticas e outras alterações ambientais, estresse nutritivo, e até plantações de OGM (organismos geneticamente modificados).

Uma outra possibilidade, bastante aceita entre pesquisadores, é a existência de novos patógenos (vírus, bactérias e outros microorganismos causadores de doenças), que seriam, estes sim, os principais responsáveis pelo desaparecimento das abelhas.

Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (Laboratório Greene) e da Faculdade de Agricultura da Universidade da Colúmbia e Universidade da Pensilvânia (ambas norte-americanas) estão direcionando suas pesquisas para a identificação de patógenos até agora não identificados.

Enquanto isto, no Brasil…

Ainda não ha relatos sobre desaparecimentos de colônias inteiras em nosso país. Mas isto não significa que podemos esquecer o assunto. Muito pelo contrário.

A espécie de maior notoriedade no fenômeno CCD é justamente a Appis melifera; a maior produtora de mel em apiários comerciais e, também, importante na polinização de espécies como a laranja.

O Brasil é 6º maior produtor de mel do planeta. Comercialmente, um colapso na produção desse produto poderia provocar uma grande crise. Mas, como comentado anteriormente, não será só a falta de mel o problema.

Caso o CCD esteja realmente relacionado a um microorganismo poderemos enfrentar uma nova crise epidemiológica, não necessariamente ligada à espécie humana. No entanto, um agente, até que seja verdadeiramente descrito e combatido, pode provocar repercussões imprevisíveis.

Devemos ficar atentos!

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