Para nosotros cristianos, la actitud del Papa nos deja perplejos porque es de la esencia de la fe cristiana perdonar y rezar como el pobrecito de Assis:’donde hay ofensa que yo lleve el perdón’. No queriendo perdonar, el Papa legitima a todos aquellos que no quieren pedir perdón ni en la vida cotidiana, ni a los negros que esclavizamos por siglos, ni a los sobrevivientes de los indígenas que diezmamos. Si el Papa no hace oficialmente un acto de disculpa, nos da un mal ejemplo. No cumple el mandato del Señor de ‘confirmar los hermanos y las hermanas en la fe’.
Pero su gesto no es aislado. Como Cardenal, se opuso a la entrada de Turquía en la Comunidad Europea por el simple hecho de que este país es mayoritariamente musulmán. Hace poco suprimió en el Vaticano la instancia que promovía el diálogo Cristianismo-Islamismo. En el documento Dominus Jesus de su autoría, del 15 de septiembre de 2000, uno de los textos más fundamentalistas de los últimos siglos, afirma que ‘la única religión verdadera es la Iglesia Romana Católica” y que ‘los seguidores de otras religiones objetivamente se encuentran, con referencia a la salvación, en una situación gravemente deficitaria’. No tiene sentido encuentros con otras religiones porque ‘es contrario a la fe católica considerar la Iglesia como una vía de salvación al lado de otras’. Con este trasfondo, no causa extrañeza su discurso en la Universidad de Ratisbona. ¿Sin embargo, no sería más digno del Papa pedir claramente perdón por las incomprensiones que provocó incluso involuntariamente? ¿Por qué no lo hace?
Para entenderlo, se necesita comprender la ideología infalibilista que sigue vigente en el Vaticano y en general en la Iglesia. Según ella, el Papa no puede errar, aunque el dogma de la infalibilidad sea muy limitado. Afirma que el Papa es solamente infalible en situaciones bien delimitadas, gozando entonces, personalmente, de aquella infalibilidad que es de toda la Iglesia. Pero la ideología infalibilista atribuye de forma ilegítima infalibilidades a todas palabras del Papa. Si al pedir perdón, confiesa que erró lo que no es permitido por el infalibismo.
Funciona en la cabeza del Papa Benedicto XVI el despotismo papal formulado ya en 1302 por Bonifacio VIII que rezaba:’ para cada criatura humana es absolutamente necesario para su salvación estar sometida al Papa en Roma’. Eso no fue abolido siquiera por el Concilio Vaticano II en 1964. Fue introducida en los textos una ‘Nota explicativa previa’ donde se reafirma que el Papa puede siempre actuar ‘según su parecer personal’ como nombrar obispos, establecer normas y establecer políticas eclesiásticas. En otras palabras: Un Papa puede autónomamente decidir todo; mil millones de católicos juntos no puede decidir nada. Ese absolutismo nos hace entender las razones del Papa para no pedir perdón.
[pt_br]A atitude do Papa Bento XVI está provocando justificadas iras entre as comunidades islâmicas por causa da infeliz citação de um imperador bizantino do século XIV segundo o qual “Maomé defendia coisas más e desumanas, como sua ordem de difundir a fé pela espada”. Mas também causou escândalo e vergonha para os cristãos. A citação é totalmente inoportuna. Sabe muito bem o Papa do enfrentamento ora existente entre o Islã e o Ocidente que faz guerra ao Afeganistão e ao Iraque e que abertamente apóia a causa israelense contra os palestinos, de maioria islâmica. Nesse contexto a citação alinha o Papa às estratégias bélicas do Ocidente. Como não se irritar contra esta atitude?Para nós cristãos a atitude do Papa nos deixa perplexos porque é da essência da fé cristã perdoar e rezar como o pobrezinho de Assis: “onde há ofensa que eu leve o perdão”. Não querendo perdoar, o Papa legitima todos aqueles que não querem pedir perdão nem na vida cotidiana, nem aos negros que escravizamos por séculos, nem aos sobreviventes dos indígenas que dizimamos. Se o Papa não faz oficialmente um ato de desculpa, nos dá um mau exemplo. Não cumpre o mandato do Senhor de “confirmar os irmãos e as irmãs na fé”.
Mas este seu gesto não é isolado. Como Cardeal, se opôs à entrada da Turquia na Comunidade Européia pelo simples fato de ela ser majoritariamente muçulmana. Há pouco tempo suprimiu no Vaticano a instância que promovia o diálogo Cristianismo-Islamismo. No documento Dominus Jesus de sua autoria de 15 de setembro de 2000, um dos textos mais fundamentalistas dos últimos séculos, afirma que “a única religião verdadeira é a Igreja Romana Católica’ e que “os seguidores de outras religiões objetivamente se encontram, com referência à salvação, numa situação gravemente deficitária”. Não faz sentido encontros com outras religiões porque “é contrário à fé católica considerar a Igreja como uma via de salvação ao lado de outras”. Neste transfundo, não causa estranheza seu discurso na Universidade de Ratisbona. Mesmo assim, não seria mais digno ao Papa pedir claramente perdão pelas incompreensões que provocou mesmo involuntariamente? Por que não o faz?
Para entendê-lo, precisa-se compreender a ideologia infalibilista que vigora no Vaticano e em geral na Igreja. Segundo ela, o Papa não pode errar, embora o dogma da infalibilidade seja muito restrito. Afirma que o Papa é somente infalível em situações bem delimitadas, gozando então, pessoalmente, daquela infalibilidade que é de toda a Igreja. Mas a ideologia infalibilista atribui de forma ilegítima infalibilidade a todas palavras do Papa. Se ele pedir perdão, confessa que errou o que não é permitido pelo infalibilismo.
Funciona na cabeça do Papa Bento XVI o despotismo papal formulado ainda em 1302 por Bonifácio VIII que rezava: “para cada criatura humana é absolutamente necessário para sua salvação estar submetida ao Papa em Roma”. Isso não foi abolido sequer pelo Concílio Vaticano II em 1964. Foi introduzida nos textos uma “Nota explicativa prévia” onde se reafirma que o Papa pode sempre agir “segundo seu parecer pessoal” como nomear bispos, estabelecer normas e estabelecer políticas eclesiásticas. Em outras palavras: Um Papa pode autonomamente decidir tudo; um bilhão de católicos juntos não pode decidir nada. Esse absolutismo nos faz entender as razões do Papa em não pedir perdão.
* Teólogo. Membro da Comissão da Carta da Terra