O “Estado Livre do Congo” foi um reino privado, propriedade pessoal de Leopoldo II da Bélgica. Apenas trinta anos dessa exploração (1870 a 1900), fez de Leopoldo II uma das maiores fortunas da Europa. Ao mesmo tempo, a população do Congo que em 1850 era estimada em vinte milhões de seres humanos, reduzira-se a oito milhões, mortos pela fome, doenças trazidas pelos brancos, exaustão no trabalho e massacres. O rebanho de elefantes caçados pelo seu marfim foi, nesse período, reduzido a um terço.
Joseph Conrad (1857- 1924) foi um escritor britânico de origem polaca. Viveu no mar a juventude e parte da maturidade e, por isso, muitas de suas obras são centradas em marinheiros e aclimatadas no mar ou nos grandes rios. Em 1890, no comando do navio “SS Roi de Belges”, participou da exploração colonial da bacia do Rio Congo.
Dez anos depois, a experiência pessoal de Conrad serviu de base para “O Coração das Trevas”, um berro contra a exploração colonial, o escravagismo, o racismo e o genocídio. E todo o empenho literário de um dos maiores romancistas ingleses, teve este direcionamento.
A capacidade do ser humano revoltar-se quando submetido “a uma tristeza extrema pode se desafogar em violência, mas, infelizmente, com frequência, ela toma a forma de apatia”.
Francis F. Coppola encontrou em “O Coração das Trevas” a possibilidade ímpar de adequação para as telas dos cinemas. Seu genial filme “Apocalypse Now” é uma aclimatação em tempos de Guerra do Vietnã, com Marlon Brando na inigualável interpretação do “gerente belgo-colonial” Kurtz, agora transformado em agente americano que se oculta na selva asiática.
Convidamos à leitura de nosso ensaio.