O envolvimento de Israel na invasão do Iraque
Pelo menos 655 mil civis iraquianos morreram em conseqüência da invasão estadunidense ao Iraque e a violenta ocupação do país que se seguiu desde março de 2003. Mais de 4 mil soldados das forças de ocupação foram mortos, e cerca de 500 bilhões de dólares gastos pelos Estados Unidos. Estes números são fidedignos e incontestáveis. Mas pouco se sabe sobre o envolvimento de Israel na invasão, agindo como importante peça dos planos ocidentais no Oriente Médio.
Abertamente se sabe que os principais mentores da invasão ao Iraque foram Paul Wolfowitz, Richard Perle, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Lewis Libby e George W. Bush. Estes nomes não são novos, mas um novo motivo para a invasão se tornou conhecido recentemente: o sonho de um Iraque democrático que reconheça o Estado de Israel. O fato foi revelado por Richard Armitage, então subsecretário de Estado de George W. Bush. Em recente entrevista ao programa de televisão estadunidense PBS Frontline, Armitage revelou esse motivo ao questionar suas suspeitas quanto a Ahmed Chalabi, o político exilado iraquiano que havia sido escolhido pelos Estados Unidos para governar o Iraque pós-invasão. Armitage confessou: “eu não recolhia recibos de gastos dele, e ele não gostava da cobrança, por isso deixamos de financiá-lo”; e depois: “ele havia convencido a todos, pelo menos até o escritório do vice-presidente (Dick Cheney)”.
Portanto, até o momento descobriu-se que o Departamento de Estado dos Estados Unidos estava financiando o Congresso Nacional do Iraque, o partido político exilado de Chalabi, preparando-o para assumir o poder pós-Saddam Hussein. Mas a grande revelação veio a seguir, quando Armitage foi questionado sobre de que maneira Chalabi havia “convencido a todos”. Nas palavras do subsecretário de Estado: “Quando você fala às pessoas o que elas querem ouvir, que você irá reconhecer Israel, que aceitarão bases estadunidenses no Iraque e que existirá uma nação democrática no Oriente Médio, que pode mudar toda a estrutura da região, a história se torna como um encanto de uma sereia”, disse Armitage. Dessa forma, a promessa era de que o novo Iraque, liderado por Ahmed Chalabi, reconheceria Israel e se tornaria o segundo grande aliado estadunidense no Oriente Médio. Ao fazer o enorme favor de colocar um político exilado no poder, pode-se imaginar que tipo de negócio teria a Casa Branca com a “nova democracia” em relação às reservas de petróleo.
Compreendendo dessa maneira, torna-se mais fácil entender certas declarações de políticos estadunidenses, como o senador Ernest Hollings, que ainda em 2004 afirmou: “nós invadimos o Iraque para dar segurança a Israel”, e que “todos nós sabemos disso”. Ele ainda identificou três peças vitais do governo estadunidense para colocar em prática o plano: os judeus Richard Perle, presidente do conselho de política do Pentágono, e Paul Wolfowitz, vice-secretário da Defesa. Hollings sofreu pressões no senado estadunidense para calar-se, e deixou isso claro ao assegurar que “ninguém quer falar o que acontece, devido às pressões políticas que recebemos”. Obviamente, Hollings se referia aos lobbys sionistas internos, responsáveis por adequar a política estadunidense aos interesses do “lar nacional judaico”.
Os planos sionistas para atacar o Iraque não eram recentes – assim como o papel de Ahmed Chalabi. Em 1996, o Instituto Judaico para Assuntos de Segurança Nacional (conhecido como Jinsa), que declara como seu interesse “garantir uma efetiva política de segurança para os Estados Unidos”, admitia: “O Jinsa tem trabalhado em estreito contato com o líder do Congresso Nacional do Iraque, Dr. Ahmed Chalabi, a fim de promover a remoção de Saddam Hussein”. Antes da invasão ao país, um grupo de sionistas mantinha o seu próprio serviço de inteligência dentro do Pentágono. Conhecido como Escritório de Planos Especiais, era administrado por Douglas Feith, subsecretário da Defesa, oponente a qualquer paz negociada com os palestinos. Foi esse braço do Pentágono que incitou muitos dos boatos sobre as “armas de destruição em massa” do Iraque. Freqüentemente, a fonte original era o Estado de Israel.
Por muitos anos, presidentes estadunidenses de ambos os partidos estiveram firmemente empenhados pela “segurança de Israel”. Essa política representa uma expressão do poder sionista israelense na cultura política dos Estados Unidos. Foi esse fervoroso apoio a Israel – partilhado não só por George W. Bush, mas pelo alto escalão da Casa Banca e por quase todo o Congresso – que se revelou crucial na decisão de invadir o Iraque e submeter um dos maiores inimigos regionais do estado sionista.
FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº100 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_100.pdf
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