Na Paulista, repúdio ao golpe

O repúdio ao golpe militar em Honduras e a solidariedade ao povo hondurenho
unificou os discursos das lideranças que compareceram ao ato em frente ao
consulado do país, na capital paulista, na última sexta-feira, 03.

Na
quarta, 08, dirigentes de centrais sindicais e movimentos sociais se reúnem
para decidirem os encaminhamentos das futuras manifestações que serão
realizadas contra o golpe militar.

“Enquanto os golpistas permanecerem no poder, nós não sairemos das ruas”,
adverte o coordenador nacional da Intersindical, Pedro Paulo Vieira de
Carvalho. Segundo o dirigente sindical, o fato de Honduras ter aderido à
Alba (Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América) foi
determinante para que o golpe fosse deflagrado. “Zelaya não é nenhum
revolucionário, mas bastou romper com um aspecto econômico para a burguesia
se rebelar contra ele.”

A opinião é compartilhada pelo diretor do Sintusp (Sindicato dos
Trabalhadores da USP) e dirigente da LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária
– Quarta Internacional) Claudionor Brandão. “A burguesia não vacila em
romper a legalidade, para garantir seus privilégios”, frisa Brandão.

O presidente estadual do PSOL-SP, Miguel Carvalho, também
destaca a adesão de Honduras à Alba como elemento desencadeador do golpe
militar. Para ele, a participação da população hondorenha contra os
militares será fundamental para derrotar o golpe. “O momento é de
solidariedade aos hondurenhos.”

Não à Escola de tortura

Para o dirigente da LBI (Liga Bolchevique Internacionalista) Érico Cardoso,
os Estados Unidos estão por detrás do golpe deflagrado pelos militares.
“Obama posa de bom moço e condena o golpe, mas há uma base militar em
Honduras. Os militares hondurenhos não fariam nada sem o aval
norte-americano”, ressalta.

Cardoso também destaca o fato de os golpistas terem se formado na famigerada
Escola das Américas, principal centro de formação de torturadores nas
décadas de 60 e 70. Inúmeros militares brasileiros freqüentaram as “aulas”
da escola dos horrores e vários “professores” da Escola vieram ao Brasil
para ensinar técnicas de tortura contra os opositores da ditadura militar.

A Escola das Américas está em atividade até hoje, embora rebatizada com o
nome de Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica.

Para Amaru Colmenares, do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), o
golpe militar que derrubou Manuel Zelaya da presidência “é um golpe contra
as revoluções bolivariana, cubana e nicaraguense”. A Venezuela enfrentou
recentemente tentativa de golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez.

“É inaceitável o que aconteceu em Honduras”, critica João Batista Gomes, da
executiva da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores de São Paulo). “Não
existe mais espaço para esse tipo de atitude (golpista)”, acrescenta Flávio
Godoy, da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).

Os dirigentes da Conlutas Geraldo Rodrigues e do PCB (Partido Comunista
Brasileiro) Mercedes Lima consideram que há a possibilidade de Zelaya ser
reconduzido ao cargo.

“A ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados
Americanos) vão buscar uma solução negociada para sua volta”, destaca a
dirigente comunista. Já o sindicalista da Conlutas acredita que a
organização da população hondurenha é que reverterá o golpe.