Vladimir Maiakovski, em sua curta existência, foi um dos mais importantes poetas modernistas do século XX, dos que mais contribuíram para a libertação da poesia do quadro estreito das antigas convenções.
Também foi pioneiro em introduzir nos poemas a linguagem dos homens comuns, o palavreado corrente, sem que os versos se banalizassem. Sua técnica inovadora do verso em escada liberou a fala poética e lhe permitiu se apossar do discurso político, produzindo um clamor ideal que sempre se insinua por um futuro.
Sua arte modernista teve reconhecimento mundial, um símbolo do novo!
Poeta-revolucionário como se intitulava, ele sempre teve para si que a Revolução de 1917 não deveria deter-se na tomada do poder político e na coletivização dos meios de produção. Ou ela permitiria a transformação da vida cotidiana, de toda a vida, do amor entre os homens e das artes, ou não mereceria o nome de revolução.
Em 1929, sua revista “Frente da arte de esquerda” foi fechada. Seu companheiro de revista, o teatrólogo Meyerhold, foi preso e barbaramente torturado (anos após seria fuzilado por ordem de Stalin). Acontece que, desde 1928, ocorrera um ponto de não retorno que o poeta já percebera: a arte moderna passara a ser vista como hostil ao regime soviético!
E ele estava marcado para ser banido do universo soviético! Em meio a conflitos pessoais, e antes que se tornasse alvo do Estado, optou pela morte. Aos 35 anos, dispara um tiro no coração. Seu féretro foi absolutamente modesto, não mais de vinte ou trinta amigos, afinal muitos possuíam medo do “contágio”.
Numa atitude política imoral e oportunista, poucas semanas após o suicídio do escritor, Stalin ordenou que Maiakovski fosse declarado “O Poeta da Revolução”. Sob as ordens do Kremlin, as cidades russas tornaram-se repletas de honrarias e cartazes com frases de Maiakovski, anteriores a 1928.
Enquanto isso, a correspondência de Maiakovski foi confiscada e mantida sob sigilo por mais de meio século, somente vindo à luz em 1985.
Convidamos à leitura de nosso ensaio.
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