Jovens lançam manifesto mundial por uma outra comunicação

Da Redação da Viração

O Conselho Global de Juventude e Mídia, Global Youth Media Council (GYMC), lançou seis recomendações urgentes sobre como melhorar a mídia global para crianças, adolescentes e jovens. Esse é o resultado dos trabalhos realizados durante a Cúpula Mundia sobre Mídia para Crianças, Adolescentes e Jovens, que aconteceu de 14 a 18 de junho, em Karlstad, na Suécia. O evento reuniu cerca de mil pesquisadores, profissionais da comunicação, educadores e professores de 80 países. O próximo acontece daqui a 3 anos, em Bali.

O GYMC, promovido pela Cúpula Mundial sobre Mídia para Crianças, Adolescentes e Jovens, foi composto por mais de 20 adolescentes e jovens com idade entre 13 e 24 anos. Esses jovens e adolescentes vieram de vários países ao redor do mundo e possuem habilidades em mobilização política, comunicação, campanhas sociais, mídia jovem, defesa dos direitos e advocacy.

A boliviana Yorka Nicosio, 13 anos, disse que precisou pegar quatro aviões diferentes totalizando 36 horas de vôo e mais 13 horas viajando de ônibus para poder participar da cúpula. O pai de Yorka, que trabalha numa mina sem um contrato de trabalho adequado, perdeu uma semana de trabalho para acompanhá-la durante a viagem.

Para Uma Akhter, 19 anos, do Reino Unido, “apesar de cada um de nós pertencer a diferentes países, nós temos consciência de que a mídia é uma importante ferramenta para a educação, participação e uma oportunidade de expressão para crianças, adolescentes e jovens… Nós criaremos um plano de ação para cada país e para que a juventude global leve essa campanha adiante.”

Questões e recomendações globais que o GYMC identificou durante 5 dias de trabalho:

Acesso limitado à Internet
Os governos, operadoras de telefonia móvel e meios de comunicação multinacionais devem trabalhar juntos para garantir acesso gratuito à Internet ou a preços acessíveis em todas as escolas e bibliotecas de todo o mundo.

Compromisso com a segurança da criança ao usar a internet
A conscientização sobre potenciais perigos na internet deve iniciar no Ensino Fundamental, incluindo educação sobre os direitos e responsabilidades ao usar a internet.

Crianças e jovens não são envolvidos na tomada de decisões
Jornais locais e nacionais devem oferecer mais espaço para publicar textos escritos por crianças, adolescentes e jovens.
Cada país deve criar o seu Conselho de Juventude e Mídia.

Representação negativa de crianças, adolescentes e dos jovens nos meios de comunicação
A mídia deve adotar diretrizes éticas vigentes em matéria de comunicação sobre crianças, adolescentes e jovens, de modo a oferecer uma representação justa e equilibrada.

Falta de competência midiática
Educação aos meios de comunicação deve fazer parte do currículo escolar desde o Ensino Fundamental em todos os países.
Interesse comercial versus responsabilidade social
Apenas os produtos que estão relacionados com o desenvolvimento positivo de crianças, adolescentes e jovens devem ser associados com a mídia jovem. Deve haver mais jornal/ rádio / canais de TV não comerciais, financiados por fundações, governos e organizações.

As recomendações serão divulgadas pelo GYMC anualmente no Dia Internacional da Crianças na Mídia. Já encontraram apoio por alguns especialistas em mídia que estavam participando da Cúpula na Suécia:

“Estou realmente impressionada com as questões e recomendações que vocês levantaram. Mas, eu também estou impressionada com a rapidez e com a determinação nas quais jovens ,de todo o mundo, têm sido capazes de trabalhar juntos. As recomendações são realmente fortes e há boas ideias que já estão sendo trabalhadas há muito tempo. É surpreendente que essas recomendações foram formulada em apenas 4 dias de trabalho”
Dra. Patricia Edgar, diretora do Australian Childrens Television Foundation e fundadora do World Summit on Media for Children and Youth.

“O Conselho Global Juventude e Mídia é de grande importância: portanto, as muitas vozes das futuras gerações que exigem uma maior sensibilização nos meios de comunicação não pode ser ignoradas”
Ole Chavannes, Kids News Network.

“O Conselho Global Juventude e Mídia é uma grande oportunidade para a mídia realmente ouvir as crianças, adolescentes e os jovens ”
Jordi Torrent, chefe da UN Alliance for Civilization, E.U.A.

“Essas recomendações mostram que a juventude global não está satisfeita com o conteúdo que é oferecido a ela. É importante ter uma comunicação com os jovens, mas, mais importante, é ter um conteúdo também pensados por eles. É assim que exercitam o direito humano à comunicação. Eles tem que participar de todo o processo porque eles podem fazer isso. ”
Paulo Lima, Diretor executivo da Viração, Brasil.

“Com o Conselho, estamos mais perto de criar meios de comunicação que são responsáveis e que envolvam ativamente as vozes das crianças, adolescentes e dos jovens.”
Karen Cirillo, Produtora Executiva da Childrens Broadcasting Initiatives at Unicef, New York.

“Eu estou muito feliz por ter apoiado as recomendações do Conselho… Espero que organizações ao redor do mundo se juntem-se a mim. A mídia tem que aprender a ouvir a nova geração, assim nós não cometeremos os mesmos erros que nos levaram à ruína econômica. ”
Lord David Puttnam, Reino Unido Independent Film Producer and politician.

Mais informações sobre as ações do Conselho Global de Juventude e Mídia você encontra no site: www.globalyouthmediacouncil.com. No Brasil, o Conselho conta com o apoio da Viração Educomunicação, que se colocou à disposição para divulgar as recomendações e envolver outras entidades que atuam na área da educação, comunicação e direitos de crianças, adolescentes e jovens.

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