Israel definirá o presidente estadunidense

No início do mês, cerca de 7 mil ativistas e políticos estadunidenses pró-Israel atenderam a uma conferência em Washington organizada pelo Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (o Aipac, na sigla em inglês), a fim de discutir o futuro da política externa dos Estados Unidos com relação aos interesses de Israel. O encontro representa o mais claro exemplo da influência sionista na política dos Estados Unidos, e chocou a muitos ao evidenciar que o “lar nacional judaico” pode definir o futuro presidente do país.

O Aipac, fundado originalmente com o nome de “Comitê EUA-Sionista de Assuntos Públicos”, é amplamente considerado como o lobby de política estrangeiro mais poderoso nos Estados Unidos. Seus 60 mil membros distribuem milhões de dólares a inúmeros membros do Congresso situados em ambos os lados do corredor. Também investem em uma rede de cidadãos influentes em todo o país, os quais pode mobilizar regularmente para apoiar seu objetivo principal – assegurar que não haja separação entre as políticas de Israel e dos Estados Unidos. Não é por acaso que o Congresso vota de maneira tão determinada em apoio a Israel. O National Journal, revista semanal estadunidense sobre política e o governo, posicionou o Aipac na segunda colocação no seu ranking de “organizações que mais influenciam a política dos Estados Unidos”. É verdade comprovada que o lobby judeu consegue impedir a eleição de senadores e membros do Congresso estadunidense que não dancem fervorosamente pela música de Israel. Em alguns casos exemplares (propostos, de fato, para servirem de exemplo) o lobby derrotou políticos populares, jogando o próprio prestígio e o peso do apoio financeiro em outro nome também empenhado na mesma disputa eleitoral e, de início, praticamente desconhecido.

Com a aproximação das eleições gerais nos Estados Unidos, fica evidente a diferença causada pelos lobbies sionistas. O candidato democrata Barack Obama, que sempre se posicionou como um pensador independente, preparado para quebrar muitas das políticas estadunidenses que impedem uma “mudança” no país, chocou a todos. Diante da influência sionista, Obama reduziu o estado da nação palestina a servidora das necessidades de Israel. Ele ainda foi mais longe, ao afirmar que, caso eleito presidente, firmará “um compromisso inabalável com a segurança de Israel”, porque a segurança do país é “sacrossanta” e “inegociável”. O discurso superou todos os recordes de subserviência e adulação.

Nem o Aipac jamais vira coisa semelhante. Sete mil funcionários judeus, vindos de todos os cantos do país, reuniram-se para receber a manifestação da obediência servil da elite de Washington, que ali se curvava. Os aspirantes a presidência discursaram, disputando entre eles a palma máxima da bajulação. Trezentos senadores e membros do Congresso lotavam as galerias, ou seja, estavam presentes, para ver e serem vistos, todos os que almejassem ser eleitos ou reeleitos nos Estados Unidos, ou que acalentassem qualquer ambição política. “Você não tem capacidade de ditar uma política que envolva Israel sem que o Aipac aprove”, admitiu o senador democrata Ernest Hollings. O ex-presidente estadunidense Jimmy Carter também deixou evidente que os lobbies judaicos determinam a política do país, mesmo que os interesses de Israel sejam contrários ao da nação estadunidense. “É um suicídio político tentar ser eleito com uma posição que possa ser interpretada como contrária aos interesses de Israel”, disse ele.

É impressionante como Barack Obama se transformou após ter sido eleito pelo Partido Democrata para representá-lo nas eleições gerais. Não é possível imaginar que seja o mesmo homem que, há poucos meses, falava abertamente em diálogos com o Hamas e com o Irã, em uma política aberta para o mundo que “recuperasse a imagem” dos Estados Unidos. O que explica essa transformação é, evidentemente, a influência dos lobbies judaicos, uma vez que Hillary Clinton, que era a primeira escolha dos judeus, foi derrotada. Em seu discurso ao Aipac, o senador disse que o perigo representado pelo Irã “é grave e real”, e prometeu fazer “tudo em seu poder para ‘eliminar’ a ameaça representada pelo Irã” e impedir que o país produza armas nucleares. Obama afirmou que “qualquer acordo com o povo palestino deve preservar a identidade de Israel como Estado judeu”, acusou o partido político Hamas de “terrorista” e deixou claro que o grupo “deve ser isolado”. “Nós, o povo judeu, controlamos os Estados Unidos, e os estadunidenses sabem”, já dizia o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon. Ao que tudo indica, ele estava correto.

FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº109 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_109.pdf

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