Após a tomada do poder pelos Sovietes, com aberto suporte da França e da Inglaterra, setores do antigo exército imperial se reorganizaram e juntando-se ao Exército Polonês, desencadearam uma guerra civil contra o Exército Vermelho e o Governo Soviético. A luta travada foi de incrível ferocidade lado a lado.
Embora os reacionários e seus aliados terminassem derrotados em 1921, o recém-construído e vitorioso Estado Soviético teve que lidar com uma situação econômica e social caótica. Imperavam a fome, as doenças, a destruição no campo e o desemprego, indigência e desabrigo nas cidades. Estima-se que entre os anos 1921 e 1922, cinco milhões de russos tenham morrido de fome. O sistema de transportes estava arruinado, a produção agrícola somente em 1927 atingiria os níveis de 1914, no pré-guerra.
Foi nesse panorama dramático que, o judeu de nascimento e marxista-leninista por toda a vida, Isaac Babel escreveu “A Cavalaria Vermelha”.
Babel, embora seja, reconhecidamente, um dos mais brilhantes representantes do jornalismo literário da geração dos nascidos na década de 1880, teve sua obra ficcional muito prejudicada pelas vicissitudes da vida.
Seu apogeu literário ocorreu nos anos 20, primeiro com a publicação, em 1920, dos “Diários de Guerra”, que, posteriormente produziram o clássico “A Cavalaria Vermelha”, de 1926, na qual guerreou pelo Governo Soviético por quatro anos e foi o seu jornalista-cronista.
Poucos artistas souberam tratar de modo tão real e tão completo, fragmentos do real como fez o gênio de Babel. Muitos de seus contos em “A Cavalaria Vermelha” são desenvolvimentos de relatos de realidades por ele vivenciadas em guerra. Existe em todos os relatos a franqueza, a turbulência, o tom incontido, angustiado e explosivo da voz do autor.
Por todos os serviços prestados Babel foi, em meados da década de 1930, condecorado com o título de “Defensor Vitalício da U.R.S.S.”.
Isto não impediu que ele fosse preso em 1939, acusado de ser agente trotskista e espião francês. Seu processo e julgamento ocorreram entre 1939 e 1940. O fuzilamento, em janeiro de 1941. Talvez poucos dos “processos de Moscou” possuam a documentação deste, inclusive com a assinatura de Stalin aposta à de Béria na ordem de fuzilamento.
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