A France Telecom retirou, no início desta manhã, a oferta pelo diário francês Le Monde, assim que o conselho de administração do jornal realizou a votação final sobre o tema, nesta segunda-feira. Na sexta-feira, funcionários do sindicato interno apoiaram, de forma maciça, a oferta de três empresários de esquerda, liderados pelo banqueiro Matthieu Pigasse, do Lazard.
A votação representa um novo golpe para o presidente de direita, Nicolas Sarkozy, que ameaçou suspender os subsídios estatais ao jornal de 65 anos, caso a oferta de Pigasse vencesse o consórcio rival, que inclui parte da estatal France Telecom, o dono da revista Nouvel Observateur, Claude Perdriel, e o grupo de mídia espanhol Prisa, editor do diário conservador madrilenho El Pais.
“Em respeito aos membros do conselho do Le Monde, Orange e Le Nouvel Observateur concordaram em manter sua oferta até a reunião na segunda-feira, dia 28 de junho. Entretanto, Orange e Le Nouvel Observateur concordaram em retirar a oferta depois da reunião, independentemente do seu resultado, como havia se comprometido a fazer em caso de votação desfavorável do sindicato de jornalistas do Le Monde”, afirmou a France Telecom, em comunicado, distribuído na noite passada.
Os sindicatos de funcionários do Le Monde afirmaram que mais de 90% dos empregados votaram na sexta-feira a favor da oferta de 110 milhões de euros (US$ 147,6 milhões) feita pelo grupo liderado pelo banqueiro do Lazard. O assunto ganhou ares de acontecimento político na França no momento em que Sarkozy convocou o diretor do Le Monde, Eric Fottorino, para lhe dizer que a oferta do trio Bergé-Pigasse-Niel não tinha o seu apoio e que poderia haver retaliação por parte do governo.
Ato seguinte, o Partido Socialista apelou ao “respeito pela independência da mídia” e os comunistas falaram da “berlusconização” do Presidente francês.
– O poder considera que a mídia deve estar toda sob sua influência – reagiu o representante da direita François Bayrou.