O “Bruxo do Cosme Velho”, ao final do século XIX, pressente que o Brasil é uma sociedade sem rumos, sem objetivos claros e correndo para a desintegração social.
A narrativa principia em 1871 e se estenderá até 1894, perpassando o esfacelamento do regime imperial, o golpe de estado que implanta a República, o golpe dentro do golpe dado por Floriano Peixoto.
“Esaú e Jacó”, publicado em 1904, é o mais extraordinário trabalho de Machado de Assis, repleto de enigmas, segundos sentidos e injunções históricas. O autor logo avisa: “O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava ou parecia estar escondida.”
Estava nosso país navegando de revolta em revolta sob as botas militares; repressão e assassinatos perpetrados pelo grupo de turno no poder.
A Proclamação da República propriamente dita é explicitada claramente no episódio da tabuleta de uma confeitaria. Machado de Assis, assim, compara a proclamação da República a uma simples troca de tabuletas, uma mudança de nomes. República e Império se equivalem como rótulos de fachada.
Carlos Russo Jr.
O nível de alegorias sobre este período conturbado de nossa História que a narrativa propicia, é precioso! Uma fração delas será contemplada neste nosso ensaio: https://www.proust.com.br/post/esa%C3%BA-e-jac%C3%B3-o-olhar-cr%C3%ADtico-de-machado-sobre-a-realidade-que-perdura-nos-dias-de-hoje