O triângulo amoroso entre Ariadne, Teseu e Baco, foi profundamente analisado Nietzsche em “Zaratustra”, em “Ecce Homo” e em “A Vontade de Poder.
Teseu é um herói ateniense, hábil em decifrar enigmas, cortar a cabeça de Medusa, viajar por vingança, adentrar ao labirinto do palácio e abater o Touro. Para Nietzsche, ele caracteriza o homem sublime, o homem superior, “o feiticeiro”.
O Minotauro em luta no labirinto da vida é vencido pelo “homem superior”, mas esta constitui uma vitória de Pirro. O Minotauro é um ser com o selo de autenticidade, enquanto o “homem sublime” é uma máscara, apenas uma “personna” no teatro trágico da vida.
A moral, por sua vez, é em si mesma um labirinto, disfarce do ideal ascético e religioso, sendo que o que se persegue é sempre matar o touro, isto é, negar a vida, reduzi-la sob as forças reativas. O “homem sublime” é um falsário em sua ansiedade por negar a vida.
Ariadne é abandonada por Teseu após o mesmo abater o touro.
É quando Ariadne sente a aproximação de Baco. Baco- Touro é a afirmação pura e múltipla, a afirmação verdadeira da vontade. Ele nada carrega, não se responsabiliza por nada, mas torna leve a vida, pois sabe fazer aquilo que o “homem superior” desaprendeu: sorrir, brincar, dançar, gozar, isto é, “afirmar a vida”.
Baco está além do herói. E o “além do herói” é oposto do “ser superior”. É o homem que vive nos cumes dos morros e nas cavernas, a criança amada e concebida pela orelha, o filho de Ariadne e do Touro.
Carlos Russo Jr
Convidamos à leitura de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/blog