De Maiakovski a Caetano Veloso: entre “O Percevejo” e “Ressuscita-me”

“O Percevejo”, obra teatral de vanguarda, modernista, questionadora, genial. Uma verdadeira sátira que se torna tragédia!
A peça teatral mais sombria de Maiakovski, distópica. Nele todas as ilusões dos primeiros anos do regime socialista são evocadas com uma cor sinistra, e o próprio futuro da humanidade é visto como um mundo asséptico, sem poesia.
“O Percevejo” era, ao mesmo tempo uma praga que tanto incomodava quanto representava a própria garantia de humanidade dentro da Revolução, já agora em franca e trágica transição para o burocratismo estatal.
“Cuidado, cidadão! ” Clama um bombeiro, “incêndios são causados por sonhos mal sonhados”.
Um sistema socialista amorfo na garantia do pão, mas da estupidez e da vulgaridade para a massa, e, por tudo isso, profundamente desumanizado.
Luiz Antônio Martinez Correa realizou a melhor montagem sobre a dramaturgia do grande poeta russo Vladimir Maiakovski no Brasil! Encenou “O Percevejo” em 1981, com cenografia de Helio Eichbauer.
A música foi de Caetano Veloso, com sua capacidade inigualável de transformar em letras bonitas até mesmo o desinteressante. E quem não se recorda de seus principais refrãos de “Ressuscita-me”, cantada depois por Gal Costa?
Maiakoviski, Caetano, ressuscitem-nos!

Carlos Russo Jr

Nosso ensaio está publicado em: https://www.proust.com.br/blog

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