Entidades que compõem o Movimento Xingu Vivo para Sempre realizaram no dia 4 de fevereiro uma vigília, em frente ao escritório Regional do IBAMA em Altamira-PA. O ato foi realizado em repúdio a liberação da Licença Prévia (LP) para construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, expedida esta semana pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e visava também sensibilizar a justiça para pedir o cancelamento da LP. Participaram do evento movimentos sociais da região, lideranças indígenas, ribeirinhos e moradores dos bairros que serão afetados pela construção do empreendimento.
Segundo a coordenação do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Melo, diversas ações estão sendo impetradas junto ao Ministério Público Federal e outras instâncias, inclusive internacionais, pedindo o cancelamento da LP e questionando uma série de irregularidades que caracterizaram o processo de licenciamento ambiental, como por exemplo a não-realização das oitivas indígenas previstas na Constituição Federal e na Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário.
Em Altamira, o ato teve início as 15h e estendeu-se até as 18h, mas manifestações em apoio a esta causa ocorreram simultaneamente em Santarém e Belém, organizadas pelo Movimento Tapajós Vivo para Sempre e pelo Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre, respectivamente. Logo na chegada, os manifestantes encontraram o portão que dá acesso ao escritório regional do órgão, fechado com cadeado e sob forte policiamento. O órgão havia suspendido o expediente com medo das represálias. Falas de protesto, canções, orações, gritos de guerra e palavras de ordem marcaram as manifestações, que reunindo mais de 300 participantes, e apesar do clima de tensão e indignação, ocorreram de forma pacífica.
Para a coordenação do evento, os resultados da vigília foram positivos, tendo em vista a participação da população, que esteve presente no ato. “Este ato está servindo também para mostrar aos governantes e autoridades que não nos intimidamos com a forma pela qual eles estão conduzindo este processo, de forma anti-democrática, ditatorial, desrespeitosa e sem ouvir as populações locais, sobretudo as comunidades indígenas,” disse uma das Coordenadoras do Movimento, Antonia Melo. Luis Xipaya, liderança indígena que está coordenando as ações indígenas de protesto e resistência contra Belo Monte, mais uma vez afirmou a disposição dos indígenas em não aceitar a implantação desta usina. “Cansamos de reuniões, conversas, idas à Brasília, agora vamos partir para a ação.”
A vigília se concluiu com uma corrente entre todos os presentes e uma oração, pedindo proteção para o rio Xingu e os povos da região. Uma forte aliança entre os povos indígenas e os movimentos sociais está se tecendo. Reafirmamos que aqueles que promovem Belo Monte são predadores tentando tirar o sangue de nossa vida é que o rio Xingu. Vamos continuar a lutar contra esse projeto com todas as nossas forças.
Fonte: Movimento Xingu Vivo para Sempre