A indiana de 15 anos que pedalou 1.200 km levando o pai na quarentena

Jyoti Kumari Paswan, de 15 anos, surpreendeu a Índia ao pedalar cerca de 1.200 km em oito dias, levando o pai ferido, em corrida desesperada para alcançar a sua aldeia durante a pandemia.

Ela e o pai, Mohan, estavam na cidade de Sikandarpur, em Haryana, onde ele se tratava de uma fratura no joelho devido a um acidente. Motorista de riquixá, estava impedido de trabalhar. A mulher, a filha mais velha e o genro já haviam voltado para a aldeia onde viviam, em fevereiro. Mas Jyoti e pai ficaram retidos em Sinkandarpur, sem trem ou ônibus para voltar, devido à quarentena.

“Eu estava me recuperando da lesão no joelho e depois veio esse bloqueio. Em dois meses, minhas economias estavam acabando. Nos últimos três meses, Jyoti e eu ficamos presos em um apartamento de dois cômodos em Sikandarpur ”, disse Mohan. Mas então o dinheiro do aluguel acabou e o proprietário pediu o imóvel de volta.

Jyoti tinha apenas o suficiente para comprar uma bicicleta de segunda mão. No dia 7 de maio, com o pai na garupa e uma garrafa de água, começou a pedalar pela estrada nacional em direção a Darbhanga.em Bihar. Segundo ela, agiu “por impulso”.

“Estávamos desesperados para retornar à nossa vila, sem nunca saber se conseguiríamos. Mas minha filha se recusou a desistir”, disse Mohan ao The Indian Express, entrevistado em um centro de quarentena em Darbhanga, onde agora está junto com Jyoti.

Jyoti pedalou por oito dias, com apenas pequenas paradas em Palwal, Agra e Mathura, e conseguindo ajuda para alimentação pelo caminho. “Em alguns lugares, recebíamos uma refeição adequada, às vezes apenas biscoitos, mas conseguimos ”, disse o pai.

Em uma lista de discussão onde a luta dos dalits é regularmente lembrada, a origem da família da heróica ciclista não passou despercebida: “está claro pelo nome do pai de Jyoti Kumari, Mohan Paswan, que eles pertencem a uma casta dalit em Bihar” – disse um participante. Povo na verdade considerado sem casta na Índia, os dalits sofrem discriminações e preconceitos, submetidos aos trabalhos menos valorizados e remunerados. “Dois meses sem renda, significa que sua vida está no limite”.

A história repercutiu pela façanha da menina vestida com o tradicional salwar kameez e sua bicicleta rosa. Mas o que chamou a atenção do presidente da Federação de Ciclismo da Índia, Onkar Singh, foi o nível de resistência, que torna a garota uma possível candidata ao ciclismo profissional.

O convite foi feito para uma qualificação em Delhi assim que termine a quarentena, podendo depois ser transferida a um centro perto de sua aldeia. “Caberá a ela decidir”, diz o dirigente.

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