A conspiração do USS Liberty

A conspiração do USS Liberty

O 40º aniversário da Guerra dos Seis Dias, de 1967, trouxe más memórias não somente aos árabes, mas também a muitos estadunidenses. No dia 8 de junho de 1967, jatos militares e navios armados com torpedos atacaram o USS Liberty, um navio de espionagem eletrônica estadunidense, estacionado na costa do Egito. O ataque-surpresa, que durou cerca de 40 minutos, deixou 34 soldados estadunidenses mortos e 173 feridos.

Surpreendentemente, o ataque partiu do aliado mais próximo dos Estados Unidos: Israel. Até então, o ataque havia sido a segunda maior emboscada contra embarcações estadunidenses desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Apesar de diversas investigações israelenses e estadunidenses, a verdade até hoje não foi revelada. A história oficial afirma que se tratou de um erro israelense, que confundiu a identidade do USS Liberty com a embarcação egípcia El Quseir. Israel pagou 13 milhões de dólares para recompensar os Estados Unidos, e o caso foi encerrado por ambas as partes.

É irônico, porém, como os próprios sobreviventes do USS Liberty afirmam hoje, que tal confusão realmente tenha acontecido com o “exército mais moral do mundo”. A embarcação estadunidense era mais de duas vezes maior do que a egípcia, e sua identificação era composta por letras ocidentais, enquanto o El Quseir era identificado por letras árabes. Segundo um dos sobreviventes, Gary Brummett, “existem inúmeras mentiras que foram contadas ao povo estadunidense, e o que nós sabemos não é a realidade”.

Muitos acreditam que o ataque tenha sido premeditado, crença que ganhou força recentemente, após um relatório divulgado somente em 2003 por um comitê independente de investigação estadunidense. O documento afirma que “o ataque no USS Liberty continua a ser o único sério incidente naval que nunca foi profundamente analisado pelo Congresso”. Certamente, a história oficial não representa a verdade, e teorias sobre o caso são muitas.

Entre as teorias mais conceituadas está a de que o USS Liberty, um navio de espionagem eletrônica com a máxima tecnologia disponível até então, estaria espionando um massacre conduzido por Israel contra prisioneiros de guerra egípcios. Israel, obviamente, nega o caso, afirmando que os mortos seriam 250 “guerrilheiros” palestinos. Outra teoria, apresentada pelo conceituado jornalista britânico Peter Hounam, afirma que “o ataque ao USS Liberty havia sido pré-planejado com pelo menos um ano de antecedência por autoridades estadunidenses e israelenses”. Hounam baseia sua crença, entre outras coisas, na afirmação do ex-capitão estadunidense Ward Boston, conselheiro da Corte da Marinha de Investigação do incidente. Boston não esconde que as investigações originais do caso, que ele mesmo assinou, foram alteradas posteriormente por advogados do governo estadunidense. Isaac Kidd, o presidente da corte de investigação, afirma que o então presidente Lyndon Johnson, junto ao Secretário de Defesa, Robert McNamara, ordenaram que o caso fosse encerrado oficialmente como “erro de identidade”.

Teoricamente, o objetivo do plano seria de afundar o USS Liberty, não deixar sobreviventes e culpar o Egito pelo ataque, justificando assim uma intervenção direta estadunidense na Guerra dos Seis Dias. Seja qual for a realidade, o caso do USS Liberty foi propositalmente muito pouco investigado, o que dá margem para diversas suspeitas.

FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº69 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_69.pdf

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