A coexistência ainda é possível

A coexistência ainda é possível

Nos 60 anos, todos aqueles que tentaram alcançar uma solução legítima e pacífica para a questão da ocupação de Israel das terras palestinas enfrentaram o mesmo obstáculo – o senso arrogante de invencibilidade militar por parte de Israel, unido à cumplicidade criminosa dos Estados Unidos. Mas a história é testemunha de que as armas nucleares ilegais do “lar nacional judaico”, aliadas aos bilhões de dólares estadunidenses investidos em sua capacidade militar, não serão suficientes para garantir a “segurança” das terras ocupadas.

Apesar da série de derrotas militares contra o Hizbollah, no Líbano, e a provada ineficiência em controlar os ataques de foguetes palestinos, Israel ainda não acordou para o fato de que a sua “invencibilidade” é um mito. Enquanto o “lar nacional judaico” ainda pode celebrar a sua ambígua versão da história, o país não consegue eliminar o povo palestino – um povo simples, armado devido à esperança de sobreviver e recuperar o que, por direito, lhes pertence. O mesmo desafio enfrentaram os Estados Unidos no Vietnã, e a França na Argélia, para citarmos alguns. O povo palestino não vai desaparecer simplesmente, abrindo caminho para a expansão da colonização ilegal israelense. As tentativas de dividir os palestinos, instigar a violência civil e colocar no poder falsos “representantes” da Palestina falharam no passado – não é diferente hoje, e não será no futuro.

Ao lidar com o conflito como se fosse gerado pela “ganância árabe” e pelo “terrorismo palestino”, Israel ganhou simpatia no Ocidente, ofuscando assim aquilo que deveria ser um autêntico exemplo de injustiça, subordinada ao colonialismo e à limpeza étnica da Palestina. Ao descrever os palestinos como uma “ameaça”, um “problema” ou uma “bomba demográfica”, como é comum nos termos sionistas, observamos nada menos que racismo ignorante. Pelos seus 60 anos de existência, Israel tratou os palestinos – os verdadeiros habitantes nativos da histórica Palestina – como indesejados e desprezíveis residentes de uma terra que teria, supostamente, sido “prometida somente aos judeus” milhares de anos atrás. Esse conceito arcaico que define a política de Israel, que também é sustentado pelos Estados Unidos, permite que ainda hoje alguns grupos religiosos discriminem e reprimam brutalmente os palestinos, seja dentro dos muros de Israel ou nos Territórios Ocupados.

Se Israel está mesmo interessado em uma resolução pacífica para esse violento conflito (algo que é colocado em xeque diariamente por sua conduta criminosa), uma solução baseada em direitos humanos e legais, justiça, segurança e paz duradoura, deverá aprender em breve um novo conceito: o de coexistência. Árabes e judeus conviveram em paz por milhares de anos antes da invenção do Sionismo, algo que certamente também é possível no futuro se esse quesito problemático for esquecido. Qualquer outra solução seria simplesmente institucionalizar o racismo e o apartheid, minar a democracia e os direitos humanos e, portanto, perpetuar a violência.

FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº105 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_105.pdf

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