2001 — Bové tem uma outra arma contra McDonald’s

Porto Alegre-Brasil, 25 de xaneiro de 2001

Já está no campus da PUC, em Porto Alegre, o agricultor francês José Bové. Membro da Via Campesina (uma organização internacional de luta pelo acesso à terra), Bové ficou mundialmente conhecido por ter liderado um protesto que culminou com a depredação de uma unidade do McDonald’s. Protestava contra a liberalização do comércio agrícola e o corte do financiamento aos camponeses.

Mesmo assim, o McDonald’s que fica na avenida Ipiranga, próximo à PUC, pode respirar aliviado. Em entrevista à CIIIn (Ciranda Internacional da Informação Independente), Bové garantiu que não vai incendiar a lanchonete. Descobriu uma maneira mais poderosa de destruí-la.

Qual a sua expectativa a respeito do Fórum?

José Bové: Independente do que vier, a primeira coisa importante é que o Fórum existe. Isso mostra que todas as manifestações que ocorreram nos últimos dois anos tiveram uma conseqüência. Além disso, o Fórum é uma possibilidade de troca de informações e de unificação das lutas.

Você fará uma palestra com João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Conhece o trabalho do movimento?

José Bové: O MST é parecido com a Via Campesina. O acesso à terra e à comida é um problema crucial, que se tornou uma luta comum dos dois movimentos. Apóio as formas de manifestação do MST, como a ocupação de terra, que é muito importante e precisa continuar. Não é possível manter a extrema concentração das propriedades rurais brasileiras. Uma reforma agrária é extremamente necessária. Além disso, a agricultura do país tem de abastecer a própria nação e não servir apenas para exportar produtos primários.

Você espera articular algumas manifestações com o MST?

José Bové: Nós já estamos lutando juntos, fizemos isso em Seattle e. E desde 98, fazemos manifestações todo dia 17 de abril, quando foram mortos no Brasil 19 camponeses sem terra.

Há um McDonald’s próximo ao Fórum. Você pretende incendiá-lo?

José Bové: Eu já o vi e fico triste com isso. Mas não vou quebrá-lo, espero apenas que as pessoas não comam lá. Se todo mundo fizer isso, um dia o McDonald’s simplesmente falirá.

Daniel Merli.
(Da equipa de xornalistas do Forum Social Mundial).
Especial desde Porto Alegre.

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