Valeu, Malunga Thereza!!!

Foto: Simone Ricco

Nesta madrugada partiu minha amada amiga Thereza Santos. Eu a conheci porque me apaixonei pelo livro África ensinando a gente do pedagogo Paulo Freire. Quis saber mais sobre a história de aprender e ensinar crianças e adolescentes em meio a uma guerra de libertação.

Gevanilda Santos, amiga e companheira de luta me disse que tinha uma pessoa que poderia me ajudar e me deu o telefone da Thereza, feliz da vida liguei e marcamos um encontro no seu apartamento. Foi uma tarde incrível! Estava diante de mim a materialização do que li. Emocionada pensei: poxa vida… esta mulher é uma das protagonistas da luta pela descolonização do continente africano, da luta contra o racismo e o capitalismo no Brasil.

Hoje a tarde quando cheguei ao Cemitério do Caju aqui no Rio de Janeiro encontrei um grande amigo da Thereza o coreógrafo e pesquisador Ismael Ivo e ficamos horas falando do que ela fez e o que representa para a história recente do Brasil.

Aqui compartilho um texto que escrevi sobre ela.

Thereza Santos é nome artístico de Jaci do Santos nascida em 7 de julho de 1938 no bairro de Santa Teresa na cidade do Rio de Janeiro. Sua história merece ser conhecida e admirada. Retrata a luta feminina negra pela liberdade.

A trajetória de Thereza Santos é marcada pela busca de mudanças nas estruturas das relações étnico raciais e sociais no Brasil, em Guiné-Bissau e Angola. A busca incessante por transformação fez de Thereza Santos uma mulher múltipla. Atuou como atriz, publicitária, teatróloga, educadora, carnavalesca, escritora, filósofa e militante política.

Thereza narra sua vida como se estivesse assistindo a um filme, intrigante, cheio de mistério e encanto, porém com um conteúdo doloroso porque é carregado de opressão, expropriação e desumanização, que serviram como antídoto para que esta mulher abrisse portas rumo à luta pela emancipação.

Liberdade e ousadia são palavras que exalam dos poros de Thereza Santos: venceu preconceitos raciais, violência contra mulher, a ditadura militar no Brasil, o julgo do colonizador português em solo africano, a truculência dos partidos africanos e a solidão feminina. Com muita altivez afirma e reforça: – Não me arrependo de nada que fiz. Faria tudo outra vez!

A memória histórica de Thereza Santos é transatlântica e profunda, ainda na adolescência sentiu necessidade de buscar suas raízes e compreender seu papel no mundo. No caminhar descobriu – se: africana em diáspora, guerreira e como gosta de ser chamada Malunga Thereza Santos.

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