Se recusar a consumir é o primeiro passo para mudar de sistema. Se assim como eu você se indigna com as inúmeras e sucessivas violações a liberdade de viver que testemunhamos no Brasil e ao redor do mundo.
A história nos conta que grandes lideres como Jesus, Gandhi, Maomé, Buda, Tupac Amaru, Antônio Conselheiro, Dalai Lama, Joana Dar´c e todas as mulheres que foram ocultadas pela história, começaram seu trabalho dentro de um universo espiritual motivado por uma revolução pessoal. Todos se indignaram com o sistema em que viviam. Essas pessoas deixaram ensinamentos que transcendem os séculos e nos ajudam a compreender que vivemos em um mundo de fantasia criado pelo poder econômico que uns exercem sobre a maioria.
A revolução industrial e a criação de uma jornada de trabalho nos roubou o direito ao tempo. Depois veio o neoliberalismo que nos disse o que fazer com o tempo que sobrou. Esses limites são armas subjetivas que nos fazem desistir antes de tentar. Temos que ter direito a ter tempo. Essa deveria ser uma luta a ser incorporada por cada individuo, e a vitória consiste em mudar as relações com o patronato e a forma como consumimos.
Em mundo dominado pelo livre comércio os mercados exigem um consumidor imediatista, que tenha desejos cada vez mais superficiais e palpáveis, visíveis, presos a condicionalidades temporais que possuem o pseudo poder de incluir e der dar o ‘direito de mudar de classe social. ‘Coisas’ capazes de proporcionar a falsa sensação de exclusividade. Ela não pode existir em uma sociedade dominada. Esse direito só pode ser exercido em um ambiente em quem todos são e estão libertos. Porque não existe exclusividade, o que existe são seres, mentes, corpos únicos.
Na base dessa estrutura insustentável estão as necessidades diárias de todos nós. Morar, comer e viver. Observe a vida de um gato, de um passarinho, de peixe, e o desenvolvimento de uma árvore. Comparado com outras espécies o ser humano é muito frágil. É fácil chegar a conclusão de que a soberania da raça humana vem da capacidade em viver em sociedade e da modernização das comunicações.
A origem dos produtos que comemos, que bebemos e da construção de onde moramos está estreitamente relacionado com o agronegócio, uma dominação econômica e territorial sobre a água, a terra, florestas, animais e sementes e humanos.
O agronegócio sustenta uma rede de crimes hediondos, trabalho escravo, desmatamento e alimenta a corrupção desde o Congresso Nacional até as cidades, onde estão fazendas, plantações, secadoras e frigoríficos, granjas e abatedouros. Possuem representantes na Justiça.
Segundo a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)em um relatório de de 2010 revela que a a pecuária é responsável por 18% das emissões totais de gases de efeito estufa, mais do que o setor de transportes. Na América Latina e no Sudeste da Ásia, os bovinos são responsáveis por 85% das emissões do setor, pelo metano.
Em relação ao trabalho escravo, no Brasil segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2012, dos 150 flagrantes registrados até agora, 54 aconteceram em fazendas destinadas a pecuária, todas instaladas no território da Amazônia Legal.
Para ter o domínio expulsam quem tiver que expulsar, sobretudo os indígenas, matam os lideres, estupram as mulheres, espalham o medo, compram a mídia e são os donos das informações. Regulam os preços, nos dão o trabalho, trocam por dinheiro e nos trocamos o dinheiro por vidas.
Tudo gira em torno dessa equação: a oferta é proporcional a procura. E ela aumenta quando os que a ofertam estimulam a procura. Você, eu e todos os consumidores do mundo deveríamos nos recusar a consumir carne, papel, tecnologia, roupa, calçado, comida ou qualquer produto que para ser produzida custou ou vai custar a dignidade, a vida dos outros e a nossa ou de qualquer espécie e da Terra. Os humanos aprisionaram a si mesmo e o restante do planeta no calabouço do consumo do ter do ser e do estar.
O convido a um desafio: parar de comer carne uma vez na semana. Ajude a parar o desmatamento, o trabalho escravo, a morte dos indígenas e reduzir a pressão sobre os recursos naturais e dar liberdade aos animais e influenciar novos rumos para a política.
Freando nosso próprio consumo, deixamos os “donos” com menos dinheiro com menos poder e estaremos ajudando a derrubar essas cercas que nos separam de uma vida de harmonia com o Planeta e estaremos plantando a semente da justiça, desconstruindo as relações de poder e dominação, através da violência, que o agronegócio mantém.