1) O fora do eixo nunca foi paradigma de ação política de esquerda. Trata-se de um grupo de ação cultural que se tornou político, mas não tem raízes na esquerda, mas nos movimentos de rede.
2) Discordo profundamente de quem diz que o fora do eixo é leninista. Para Lênin, não existe prática revolucionária sem teoria revolucionária. O fora do eixo nunca propôs a revolução. É um movimento político-cultural interessado em protagonismo e em realizar parcerias com corporações (exemplo Vale do Rio Doce) e com organizações do Estado (editais em diversas secretarias de cultura).
3) Apesar de possuir uma inegável importância nas mobilizações de rua dos últimos dois anos, o fora do eixo conseguiu protagonismo nas manifestações de junho de 2013, não como movimento social, mas como cobertura de mídia. O Ninja é um esforço de ativismo de opinião.
4) Ah! Os entrevistadores dos líderes do fora do eixo no Roda Viva eram patéticos.
5) O fora do eixo é acusado de tentar hegemonizar ou capturar todos os movimentos. Não irá conseguir. O fora do eixo é uma organização absurdamente verticalizada. Problema deles. O momento é de organizações distribuídas e de múltiplas lideranças.
6) Não concordo com diversas práticas do sindicalismo, nem do autoritarismo de algumas organizações de esquerda, mas não me cabe ficar julgando estruturas que não me filiam. Por isso, eu não me interesso por criticar a estrutura do fora do eixo.
7) Certa vez critiquei o fora do eixo em uma conversa em Porto Alegre. Algumas meninas deles se diziam “femininas e não feministas”. Eu disse que era feminista, pois não conseguiria ser feminino, ou seja, nem todo feminista era feminino. Acho a concepção dos caras um tanto boba neste aspecto.
Ouvi diversas denúncias sobre práticas machistas inaceitáveis que ocorrem dentro do fora do eixo. Eles precisam fazer auto-crítica. Ou eles deixam de ser uma ceita ou serão combatidos sem piedade pelos feministas de todas as matizes.
9) Nem por isso, Reinaldo Azevedo, um pulha decrépito e moleque de recados do grupo Abril (que vive de recursos públicos do livro didático), deve ser considerado interlocutor neste debate. Reinaldo Azevedo é aquele que defendeu o Feliciano, o projeto de lei da cura gay e que ataca o direito das mulheres ao aborto. O cara só não é nosso inimigo porque é um bostinha, um café com leite.
10) Precisamos organizar um campo de esquerda. Gostaria que os diversos movimentos de rede pudessem integrá-lo. Quero unidade de ação contra o capital. Trabalho pela liberdade na internet com a esquerda do PDT, com o PT, com o PSOL, com o MST, com autonomistas, anarquistas, com o PCdoB e tantos outras organizações.
11) Um exemplo. Com todo respeito que tenho pelas diversas forças de esquerda, declaro que fui contra a lambança que algumas dessas forças fizeram no Código Ambiental. Ataquei todos que se aliaram aos ruralistas, como hoje ataco os gestores do governo Dilma que agridem nossas comunidades indigenas.
12) Assim como não discrimino estas forças no meu terreno de batalha em defesa do Marco Civil, gostaria de ter todos, inclusive o fora do eixo nesta trincheira em defes ada internet livre e pela neutralidade da rede.
13) Hackers de todo o planeta, dispersem-se! Precisamos impedir que o Paulo Bernardo inverta a lógica do Marco Civil e legalize o interesse das grandes corporações de telecom. Não me incomodo que setores do PT e da FGV do Rio, me excluam dos debates, por considerar minhas posições radicais. Acho que as práticas de exclusão de aliados infantis e contraproducentes, mas nem todos são aliados. Alguns já passaram para o lado de lá. Espero que a moçada do fora do eixo tenha uma chance de ficar do lado de cá. Será difícil, mas é possível?
Foto:Revista Fórum