Se formos avaliar o arcabouço legal extenso, que é composto por Lei de Crimes Ambientais, de Fauna, pelas Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educação Ambiental, de Saneamento, de Recursos Hídricos, de Mudança do Clima, de Resíduos Sólidos, o Plano de Consumo Sustentável, pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), pelo Plano Nacional de Biodiversidade, o atual Código Florestal…além das legislações nos âmbitos estaduais e municipais…O que observamos? Muitas metas, diretrizes, no dia a dia não se consolidam.
A palavra planejamento carece de uma releitura. Basta analisarmos como está a implementação do Estatuto das Cidades. Quantos municípios têm seus planos diretores e quantos deles realmente têm a participação da sociedade?
Ler com atenção os resultados e as entrelinhas do Censo 2010 (tendo em vista que é um recorte), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), da qualidade da educação… em conjunto com a nossa leitura de vida no cotidiano é uma boa maneira para nos colocarmos nesse quebra-cabeças.
Por que será que, muitas vezes, as legislações são consideradas inócuas? Num elenco de possibilidades, devido a questões básicas de gestão pautadas em concessões e brechas devido às “eternas” barganhas partidárias e à dependência de grandes corporações, que alimentam as campanhas políticas, como também à falta de regulamentação de muitas leis e à falta de “diálogo” com outros setores governamentais, como de agronegócios, transporte, energia, industrial.
Parece uma briga de titãs – em que o desenvolvimentismo tem mais peso e o conceito de interesse público fica fragilizado.
Com isso, o reflexo dessa dinâmica revela uma grande parcela da sociedade apática, porque nos bancos das escolas não interessa a essa cultura de poder que os cidadãos, desde a infância, se tornem – de fato e de direito – sujeitos políticos, com a carga de amadurecimento necessária.
Como fazer diferente? Não há outro caminho senão mudar esse mecanismo viciado, mas para isso, é preciso que cada um de nós se sinta um ente participativo e não, mero espectador.
Aí entra a rede de associações, em que as atitudes cotidianas são os princípios. Entender que a redução do consumo é desenvolvimento; que o equilíbrio do ecossistema e a diversidade de aproveitamento do solo significam produtividade, no seu sentido legítimo; que a conservação representa um valor agregado que incorpora todas as políticas socioambientais e a qualidade de vida a médio e longo prazos. E que economia – seja o nome que receba – verde, sustentável, inclusiva… – só existirá, quando tiver na sua raiz o capital humano e de conservação da vida (que engloba fauna e flora)…Nada é mais significativo que ver a crise global que vivemos. As lições transpõem os muros das escolas e nos chegam por todos os lados…
Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk