Quarta-feira, de volta às ruas

A luta por transporte público continua: contra os desvios no Metrô!

Desde meados de 2012, a multinacional alemã Siemens tem delatado a existência e sua participação em um cartel que atuava nos contratos e licitações dos metrô e trens do Estado de São Paulo. A notícia veio à tona no final de julho em uma matéria da revista ‘IstoÉ’, que estimava que R$ 50 milhões tinham sido desviados devido a esse esquema.

Em seguida, o Conselho Admnistrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público, que investigam o cartel, já estimavam que o montante desviado teria sido de pelo menos R$ 425 milhões. Para o MPL, esses números são provavelmente ainda maiores, pois estão sendo investigados apenas alguns contratos, que fazem parte de um conjunto maior, de proporções gigantescas: o valor dos contratos até 2008 de uma das empresas investigadas, a Alstom, é de mais de R$ 5 bilhões. Vale lembrar que essa empresa já foi investigada e punida em diversos países por pagamento de propina e que casos como esses não são novos nem inéditos, vide vencimento dos lotes 3 a 8 da linha 5 – Lilás do Metrô.

O MPL afirma que essas notícias só reforçam como o transporte coletivo é hoje tratado como fonte de lucro, como mercadoria. “O sufoco que passamos todo dia no trem e metrô é consequência de um sistema organizado não em função das demandas de seus trabalhadores e usuários, mas sim do bolso de uns poucos políticos e empresários. Não podemos ficar calados diante de mais essa evidência que a gestão do transporte coletivo em São Paulo serve aos interesses privados e não as necessidades da população”, informa o movimento em são site.

Por isso, o Sindicato dos Metroviários, o MPL-SP e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, entre outras organizações, chamam um ato para o dia 14 de agosto, para afirmar: “dinheiro público deve ser investido em transporte público! Chega de gestão com fins privados e de desvios! Só a luta dos usuários e trabalhadores do transporte pode mudar esse sistema!”


Onde está Amarildo?

No dia 14 também se completa um mês sem notícias do paradeiro do pedreiro Amarildo e manifestações pelo esclarecimento do caso e contra a violência policial são esperadas em todo país.

Amarildo de Souza foi levado pela polícia pacificadora no dia 4 de julho para a UPP da Rocinha e, desde então, nunca mais foi visto. As frágeis investigações até agora apontam apenas para intencionalidade do desaparecimento já que, no carro que levou Amarildo, o serviço de GPS estava desligado, e a UPP por onde o pedreiro teria entrado e saído também estava com as câmeras desativadas.

No domingo (11), Dia dos Pais, Amarildo foi homenageado no Rio de Janeiro e lembrado em todo país. Pai de seis filhos e com diversos amigos e parentes na favela da Rocinha, a história de Amarildo mostra como trabalhadores pobres e pessoas inocentes das periferias do Brasil são tratadas pela polícia. O não esclarecimento do que aconteceu com Amarildo representará a desmoralização total da polícia militar do Rio de Janeiro, do sistema de UPPs, do programa de pacificação de favelas como um todo, implantado pelo governo federal com vistas aos grandes eventos programados para o Rio de Janeiro, e da própria justiça brasileira.

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