O direito de retorno é sagrado, inalienável. Esse é um consenso universal sustentado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) e estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ainda assim, contrariando toda a cadeia de leis internacionais, Israel cria barreiras territoriais, que desde 1967 impedem o retorno daqueles que foram expulsos na Nakba palestina.
Estudos demográficos mostram que hoje 78% dos judeus de Israel moram em 15% de Israel. Somente 22% vivem em 85% de Israel, que é território palestino em grande parte. Destes, 19% vivem em cidades, a maior parte delas palestinas. Isto deixa 3% de judeus, os residentes rurais dos kibbutzim e moshav, no controle do vasto território palestino. Os kibbutzim, uma criação do sionismo, estão agora ideológica e economicamente falidos. Eles consomem não só a terra, mas 80% da água (tirada dos árabes) para a produção de produtos agrícolas que sustentam 3% de israelenses. Assim, uma pequena minoria de 200.000 judeus, que obstruem o retorno de 5 milhões de refugiados, os legítimos proprietários da terra que exploram.
Os palestinos estão sendo substituídos por imigrantes estrangeiros, e o que os dá passagem para isso, de acordo com a lei de Israel, é o fato de serem judeus. Felizmente, povos de todas as nações têm se unido para discutir e reafirmar os direitos do povo palestino. E um desses encontros aconteceu na Conferência Sobre o Direito de Retorno, atividade promovida pelo FSMPL e que reuniu representantes de organizações e ativistas de todo o mundo.
Para Nabil Shaat, representante do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, os movimentos são uma esperança para o futuro da Palestina. Shaat destacou a importância do apoio do Brasil e de outros países na América Latina no reconhecimento do Estado palestino.
O ex-embaixador do Brasil e primeiro representante do país junto à autoridade palestina em Ramallah, Arnaldo Carrilho salientou a importância da causa. “A questão da palestina é mundial e não nacional. O mundo árabe incentivou a cu ltura de todo o mundo deixando rastros por todos os cantos. Por isso, ninguém aqui é do Hamas, Fatah ou OLP, todas as diferenças nesse momento devem se deixadas de lado, porque hoje, somos todos pró palestina.
A advogada Sahar Francis, da Associação de Apoio à Causa Palestina Addameer, chamou a atenção para os crimes de guerra cometidos por Israel, Francis também falou sobre os palestinos que ainda permanecem em guerra de fome, e sobre as condições precárias em que vivem os prisioneiros. Homens, mulheres e crianças que na grande maioria das vezes não possuem acusação formal. Para o presidente do Instituto de Cultura Árabe do rio Grande do Sul, Nader Baja, aonde há ocupação não existe liberdade.
Hoje para Israel, “palestino bom é palestino morto” – frase usada em referência ao que muito se diz no Brasil, “bandido bom é bandido morto” -. Nader também listou as violações do acordo de Genebra cometidas pelo governo israelense, entre elas, o fato de Israel se apresentar como um Estado de administração e não de ocupação. ”Temos a oportunidade histórica de trabalhar em conjunto com a comunidade internacional para superar essa situação, temos que exercitar todo tipo de pressão, juntamente com todas as organizações sociais. Não podemos reconhecer as práticas genocidas cometidas em território palestino. Devemos abrir um inquérito sobre os criminosos de guerra, acabar com os assassinatos e ajudar as vitimas, fortalecer a sociedade civil para a Campanha de Boicotes Desenvolvimentos e Sanções (BDS), que tem como objetivo boicotar qualquer instituição que contribua com praticas genocidas e de segregação cometidos por Israel. Charlote Kades, da Associação Democrática de Advogados Internacionais, disse que além da punição aos militares, é necessário punir as autoridades dos Estados Unidos pelas constantes violações que vêm sendo cometidas contra o povo palestino.