A Praça Tahir não é mais aqui. Depois dos protestos de junho, que levaram alguns analistas a exaltar o chamado “outono brasileiro”, que derrubou a popularidade da presidente Dilma Rousseff e poderia até abreviar o ciclo do PT no poder, a mídia brasileira não quer mais brincar de revolução.
O primeiro sinal veio do jornal O Globo, na edição de sexta-feira (16), quando a manchete principal destacou que apenas 200 pessoas causaram transtorno a milhares de cidadãos, fechando a Avenida Rio Branco, no centro do Rio.
A virada definitiva, no entanto, vem da Editora Abril, em que a revista Veja, em 24 de junho de 2013, dedicava uma “edição histórica” às manifestações e colocava uma bela jovem na capa enrolada à bandeira nacional, neste fim de semana fala em sua capa dos “caras-tapadas”, os jovens que pregam a anarquia e empregam a violência em seus atos de protesto.
Veja demonstra preocupação com o 7 de setembro, quando os black blocs, um dos grupos mais violentos da leva recente de manifestações, planejam um “badernaço”. Se esse cenário se confirmar, em breve, os mesmos veículos que estimularam a onda de protestos de junho estarão pedindo mais repressão policial. E o eixo das coberturas no bordão de “mais uma manifestação pacífica que terminou em violência, quando um pequeno grupo de vândalos…” terá que ser alterado.
Globo, Veja & companhia estão perdendo a paciência. Especialmente porque também são alvos da indignação de parte dos manifestantes.
No mundo ideal da mídia conservadora, haveria apenas anjos rebeldes – de preferência, bem bonitinhos – protestando contra a “ditadura” do PT, pedindo a aprovação da PEC 37 e a prisão dos chamados mensaleiros. No entanto, a realidade não se adequou ao roteiro dos sonhos dos Civita e dos Marinho. (Fonte: portal Brasil 247)