Ao Parlamento e à Sociedade Brasileira:
A Liga Brasileira de Lésbicas manifesta-se ao Parlamento e à Nação Brasileira contra todas as formas de preconceitos e de violação aos Direitos Humanos.
Nosso país passa por momentos de grande importância e enfrenta, como nenhum outro, a crise econômica que assola europa e parte dos países da América Latina, fazendo avançar a igualdade social em todo o território nacional.
Vivemos históricamente num contexto de diversidade religiosa e de respeito ao pensamento e as liberades laicas, com pleno entendimento de que ao Estado compete garantir o direito individual à fé ou à falta de fé. Mas isso vem mudando ao longo dos tempos.
Nos últimos anos percebemos uma ofensiva fundamentalista sobre direitos sobretudo da população LGBT, mas também sobre o direito das mulheres e da população negra.
Bancadas religiosas no Congresso Nacional tentam ignorar a constituição das Novas Famílias e insistem em realizar uma cruzada anti-gay, impedidndoa avanços civis importantes, que colocaria em pé de igualdade LGBTs com o resto da população.
Agora avançam sobre a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, numa tentativa visível de impedir a aprovação da PLC 122, da PEC do Casamento Igualitário e qualquer outra discussão que diga respeito a LGBTs, aborto ou, mesmo, igualdade racial.
Indicam, para preencher a vaga o nome de um Deputado que já deveria ter sido cassado em função de suas manifestações racistas e homofóbicas, mas que, ao contrário, ganhará o posto de presidente da Co missão de Direitos Humanos.
Isso não ajuda no debate democrático e acirra os ânimos do movimento LGBT organizado Brasil afora.
A Liga Brasileira de Lésbicas não permitirá que nenhum retrocesso seja impostos às Lésbicas e Mulheres bi-sexuais.
Ocuparemos as ruas e o parlamento se for necessário, mostrando que a população Brasileira não está representada por este pensamento fundamentalista e reacionário que tenta, falsamente, se utilizar da fé para pregar o ódio e a segregação.
Nossa Constituião Federal é LAICA e o Brasil é LAICO!
Respeitamos a manifestação de fé das pessoas e lutaremos para que religiões possam continuar sendo exercidas, ou não, por cada cidadão e cada cidadã. Mas não aceitaremos o desrespeito às liberdades laicas e a imposição de uma moral religiosa que desconsidera nossos afetos, nossas ligações e nossas famílias.
A Comissão de Direitos Humanos da Câma ra é um espaço dos movimentos sociais, onde apresentamos e defendemos nossas bandeiras e que ocuparemos esteja ela na coordenação de que partido for, porque trata-se de espaço democrático e republicano, do qual jamais abrireos mão.
LIGA BRASILEIRA DE LÉSBICAS.
[Pastor cotado para presidir Comissão de Direitos Humanos quer “quebrar hegemonia LGBT” e “defender a família”]
O que acontece quando religião e legislação andam juntas.
No Jornal do Commercio deste sábado
A possibilidade de o deputado e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) vir a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara provocou reação de parlamentares de outras legendas e com tradição de atuação nessa área.
Conhecido por suas posições radicais e conservadoras em relação a homossexuais, negros e a qualquer prática de aborto, Feliciano é um dos favoritos no PSC para assumir a comissão, o que será decidido na próxima terça-feira.
O deputado fala que, se vier a comandar a comissão, pretende quebrar a hegemonia da comunidade LGBT. “Na comissão só vejo a comunidade LGBT. Só se fala disso ali. Há um privilégio para esse grupo. Se tiver a felicidade de ser presidente, vou cuidar da pauta da família. Sei o que é certo e errado. Agora, o pessoal que se acha dono da comissão não me quer lá. Que mistério é esse? O que não querem que eu descubra lá?”, indagou Marco Feliciano.
Um dos fundadores dessa comissão, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-ministro dos Direitos Humanos, diz que qualquer partido pode presidi-la, mas não qualquer um. Sem citar o nome de Feliciano, Nilmário diz que alguém com o perfil do deputado não deve estar à frente da comissão.
“Qualquer partido pode assumir a comissão, que é suprapartidária, vinculada aos preceitos da Constituição e da Declaração Universal. Não pode ter preconceito contra ninguém, nem deve. Agora, não pode ser uma pessoa que não comunga com os valores dos direitos humanos, que tenha preconceitos e discriminação. Esta comissão funciona há 20 anos como um espaço dos movimentos sociais e das minorias. Não se pode cortar isso”, disse Nilmário Miranda.
Ele citou um parlamentar do PSC que p oderia ocupar o cargo: “Tem Hugo Leal (PSC-RJ). Já me falaram bem dele, que é um deputado muito sério, muito respeitado e muito querido”.
Feliciano diz que Jean Wyllys o persegue. Feliciano passou a sexta-feira rebatendo críticas à sua indicação para a comissão na rede social. Ele escreveu em seu Twitter: “Perseguição religiosa? Marco Feliciano sofre retaliações da comunidade LGBT para não assumir a Comissão”.
O parlamentar já disse que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição. Em 2011, criou polêmica ao escrever que “os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé”, e que essa maldição é que explica o “paganismo, o ocultismo, misérias e doenças como ebola” na África.